O legado do poeta mineiro é reavaliado a partir do lançamento da edição de suas obras completas
O mineiro Murilo Mendes (1901-1975) é um dos poetas brasileiros do século XX mais subestimados. Sabe-se lá por que injunções de marketing literário, sua obra é menos considerada que as de Carlos Drummond de Andrade, Manoel Bandeira e João Cabral de Melo Neto. Há um “segundo time” da poesia do Novecentos formado, aliás, por poetas tão bons ou tão grandes quando os do “primeiro time”. Além de Murilo, figuram Mário Quintana, Jorge de Lima e Oswald de Andrade. O relançamento da obra poética de Murilo – Antologia poética, Poemas, e Convergência - e de suas memórias – A idade do serrote – em edição bela e rigorosa da CosacNaify pode ajudar a reavaliar o legado desse autor quase relegado.
A crítica chama de surrealista a sua arte. Mas ele fez mais que taquigrafar sonhos. Foi o criador de imagens justapostas e de situações nonsense, tudo formatado por uma sensibilidade ultraleve. Seu ouvido absoluto para os versos também serviu para que se apaixonasse pela música e fizesse crítica musical.
Assim, Murilo Mendes criou uma poética única. Compôs “murilogramas” para os músicos e poetas que o influenciaram: Johann Sebastian Bach, Anton Webern. Fernando Pessoa, Oswald de Andrade e Arthur Rimbaud. Dedicou a Rimbaud versos que podem se aplicar a ele próprio, Murilo Mendes: “Desdá. Desintegra. Adensa. Consonantiza as vogais. Morre a jato: se ultrapassa.”
O relançamento das obras de Murilo Mendes podem ressuscitar suas imagens e seus sons. Afinal, ele foi tão importante para o século XX brasileiro que Drummond, Bandeira e Cabral. Mas só teve um defeito em relação aos colegas grades poetas: foi menos pretensioso. Ele não foi genial no marketing pessoal.
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