Morre Antônio Abujamra, aos 82 anos de idade

O diretor e apresentador do Provocações foi vítima de um infarto enquanto dormia. Velório acontecerá no Teatro Sérgio Cardoso, a partir das 23h


Rita Albuquerque, do cmais+ Arte & Cultura

28/04/15 10:01 - Atualizado em 28/04/15 16:22

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Antônio Abujamra (Foto: Reprodução)

Morreu na manhã desta terça-feira (28) Antônio Abujamra, aos 82 anos de idade. O diretor e apresentador do programa Provocações, da TV Cultura, foi vítima de um infarto enquanto dormia em sua casa, em São Paulo.  

Abu, como era conhecido, foi diretor de teatro, ator e dramaturgo. Deixa os filhos André e Alexandre, e dois netos. O velório acontecerá das 23h desta terça até as 13h de quarta (29), no Teatro Sérgio Cardoso, na Bela Vista. Depois, o corpo seguirá para o Crematório da Vila Alpina. 

Carreira 

Antônio Abujamra nasceu em Ourinhos, interior de São Paulo, em 13 de setembro de 1932. Mais tarde, graduou-se filósofo e jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Dotado de humor crítico, Abujamra atuou pela primeira vez no Teatro Universitário de Porto Alegre.

Em 1959, aos 27 anos de idade, ganhou uma bolsa para estudar literatura espanhola em Madri, na Espanha, onde trabalhou com Roger Planchon e Jean Villar. Na Alemanha, participou da Berliner Ensemble, de Bertolt Brecht. De volta ao Brasil, dirigiu Raízes, de Arnold Wesker, com Cacilda Becker, em 1961. Entre 1962 e 1963 fundou o grupo Decisão, com base na técnica brechtiana para o teatro político. O trabalho foi encerrado com o AI-5. Desde então, comandou mais de 150 montagens e, a partir de 1987, passou a subir nos palcos.      

Abujamra foi diretor na TV Tupi, emissora na qual se destacou também como ator. Ao lado de Fernando Faro, trabalhou em Divino Maravilhoso e Colagem. “A minha vinda para a televisão foi curiosa, pois praticamente de toda a minha geração, o único que ficou fui eu”, conta Abu, que também passou pelo SBT, Bandeirantes, Manchete, Globo e Record.

O provocador nato foi admitido pela TV Cultura em 1971: “Quando entramos na TV Cultura era para mostrar que nós não deveríamos ser copiadores, nós deveríamos ser copiados. Era uma geração que não tinha medo de nada, que fazia as coisas com coragem, que acreditava na possibilidade de esclarecer popularmente”. Na emissora, Abu dirigiu infantis, como Vila Sésamo, e estava à frente do Provocações há quase 15 anos.

Prêmios

Entre os principais prêmios recebidos por Abujamra estão o Juscelino Kubitschek de Oliveira, em 1959, pela direção de A Cantora Careca, de Eugène Ionesco; Melhor Ator por O Contrabaixo, de Patrick Suskind, em 1987; Kikito de Melhor Ator em Gramado, em 1989, pelo filme Festa, de Ugo Giorgetti; Melhor Ator de TV por sua participação como Ravengar na novela Que Rei Sou Eu?, de Cassiano Gabus Mendes, na TV Globo, em 1989;  Molière, em 1991, pela direção de Um Certo Hamlet com o grupo Os Fodidos Privilegiados; Lifetime Achievement, em 1996, no XI Festival Internacional de Teatro Hispânico em Miami, nos Estados Unidos.

Frases de Abu

"(...) É preciso saber da limitação do conhecimento do ser humano. É preciso ter a dor de sentir que a vida não tem roteiro. Na vida não existe nada seguro. Quem gosta de abismos tem que ter asas. Cuidado, minha gente. Isso é Provocações" (Provocações).

"Não sou de dar entrevistas do jeito que vocês querem. Não sei, fico irritado" (Estadão, 2012).
 
“Pergunte-me: o que você fez de bom nestes mais de 30 anos de televisão? Eu posso dizer: alguns segundos” (Folha de S.Paulo, 2000).
 

“E para que serve a utopia? Eu dou um passo, o teatro dá dois passos. Eu dou dois passos, o teatro dá quatro passos. A utopia serve para isso: continuar caminhando” (Discurso de agradecimento no Festival Hispânico de Miami, nos Estados Unidos, em 1996).

“Eu perco tudo para não perder uma frase” (O Globo, 1991).
 

“Esteticamente, o fracasso é mais interessante que o sucesso. Sou um homem de fracassos” (Veja, 1989).

“Quem não pensa que é sério quando jovem? Quando jovem eu pensava dirigir uma peça para mudar o mundo. Tinha uma fúria dedicada. A maioria que quis continuar sério: provocou o que está acontecendo no País” (IstoÉ/Senhor, 1988).

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