'O Segundo Sexo' de Vanessa Bumagny

Inspirado em livro de Simone de Beauvoir, terceiro disco traz a cantora e compositora paulistana em composições mais solares


Felipe Tringoni Música

19/09/14 15:42 - Atualizado em 19/09/14 16:04

Vanessa Bumagny (Imagem: Alessandra Fratus / Divulgação)
Vanessa Bumagny (Imagem: Alessandra Fratus / Divulgação)

O livro O Segundo Sexo, lançado pela francesa Simone de Beauvoir em 1949, é um clássico da literatura feminista principalmente por afirmar que as mulheres não nascem mulheres, mas "se tornam mulheres". Ou melhor: que características associadas à condição feminina derivam menos da natureza e mais de ideias disseminadas culturalmente.

A leitura da obra provocou debates e inspirou artistas pelo mundo. No Brasil, a atriz Fernanda Montenegro encenou cartas autobiográficas de Simone na peça Viver sem tempos mortos, em cartaz entre 2009 e 2011. Na música, o livro acaba de inspirar a cantora e compositora Vanessa Bumagny em seu novo disco. "Além da faixa-título, inspirou a capa e a identidade visual. Nem tanto nas outras canções, porque algumas já vinham comigo há algum tempo. Mas elas também são 'o segundo sexo', porque eu as fiz", conta.



O Segundo Sexo, o álbum, é o terceiro da carreira da paulistana e traz uma tentativa deliberada de soar "mais alegre" do que os anteriores. "Tenho a impressão de ser uma compositora mais melancólica. Acho que meus discos sempre puxaram mais para a tristeza, principalmente o segundo [Pétala por Pétala, de 2009]".



A produção das 11 faixas é fragmentada: Érico Theobaldo assina seis; Zeca Loureiro e Rogério Bastos, integrantes da banda de Vanessa, são responsáveis por três; Fernando Nunes e Tuco Marcondes fecham a conta com uma canção cada.

Para evitar que o todo se tornasse "uma colcha de retalhos", Vanessa contou com a supervisão do amigo Zeca Baleiro – que produziu Pétala por Pétala e, em O Segundo Sexo, participa com um rap na faixa-título e compôs "Evapora" ao lado da cantora.



Embora traga canções com arranjos solares, como "O que for melhor" ("Tem que florescer, tem que ser solar", ela canta) e "O Segundo Sexo" (que mescla sintetizadores e bateria New Wave ao rap de Baleiro), o álbum também traz canções mais nuas, como "Evapora", "Our rain" e "Do meu jeito" (parceria com Luiz Tatit que encerra o álbum), que, se deixam o todo um tanto sem coesão, mostram onde Vanessa se sai melhor.

Outra referência literária está na faixa "A Carlos Drummond de Andrade", poema de João Cabral de Melo Neto musicado por Vanessa. O procedimento não é novo: em seu começo de carreira, ela criou música para poemas de espanhóis como Federico García-Lorca, e a melodia de "Do meu jeito" surgiu, inicialmente, para um poema de Arnaldo Antunes.

Aqui, ela traz uma solução que reflete o ecletismo do disco: um reggae com marcante arranjo de metais. "E traz a mesma ideia que tive com relação à Simone [de Beauvoir], de aproximar as pessoas do João Cabral."



O próximo show de Vanessa Bumagny acontece no dia 19 de outrubro, no Teatro Elis Regina, em São Bernardo do Campo. Mais informações no Guia da Cultura.
 

O cmais+ é e reúne os canais TV Cultura, UnivespTV, MultiCultura, TV Rá-Tim-Bum! e as rádios Cultura Brasil e Cultura FM.

Visite o cmais+ e navegue por nossos conteúdos.

Comentários

Compartilhar


relacionadas