Colin Firth faz a paródia da paródia de 007

Em Kingsman – o Serviço Secreto, o ator vive intensamente o estereótipo do inglês


Luís Antônio Giron, do cmais+ Cinema

05/03/15 15:31 - Atualizado em 05/03/15 15:54

Kingsman – o Serviço Secreto (Foto: Reprodução)
Colin Firth e Taron Egerton em cena de Kingsman – o Serviço Secreto (Foto: Reprodução)
 

Quando 007 contra o Dr. No, o primeiro filme da série estrelada pelo agente secreto James Bond – entrou em cartaz em 1962, os fãs dos romances do autor inglês Ian Fleming acharam estranha a abordagem do personagem, interpretado pelo ator escocês Sean Connery. Isso porque, ao contrário do livro, o Bond do cinema era muito físico, além de se levar demais a sério, mesmo com todos os trejeitos, engenhocas e frases de efeito. Fleming reclamou que seu Bond tinha virado um frequentador de academia de musculação – algo reprovável na época, segundo a etiqueta inglesa. As coisas mudaram desde então.

Na realidade, o personagem James Bond nasceu como uma paródia dos agentes do serviço secreto britânico. O Bond livresco – são 14 romances publicados entre 1953 e 1966 – é um bon vivant que sabe mais se livrar com fair-play das situações difíceis do que enfrentá-las a murros e pontapés. O ator que tentou encarnar o espírito do 007 original foi Roger Moore nos sete longas-metragens que estrelou entre 1973 e 1985. Mas Moore exagerou na paródia e, apesar de ter angariado admiradores, provocou o repúdio dos puristas. Ele foi substituído por atores menos escrachados – Timothy Dalton e Pierce Brosnam – até em 2006 aparecer o Bond mais rabugento de todos, encarnado por Daniel Craig. Assim, os admiradores das aventuras mais absurdas e cômicas de Bond ficaram órfãos.

O longa-metragem Kingsman – o Serviço Secreto veio para alimentar o público faminto de pipoca. Dirigido por Matthew Vaugh (de Kick-ass, quebrando tudo, de 2010, e X-Men – Primeira Classe, de 2011) e estrelado por Colin Firth, o longa-metragem apresenta um catálogo de paródias bondianas , além de explorar os estereótipos do cidadão londrino. O resultado é um filme de ação e diversão como havia muito não se fazia. O filme estreou em 13 de fevereiro e se tornou um dos campeões de bilheteria neste início de ano nos Estados Unidos e Europa. Está em segundo lugar entre os blockbusters americanos e arrecadou mundialmente US$ 212 milhões, para um orçamento de produção de US$ 81 milhões. No Brasil, deve seguir a carreira internacional.

Kingsmané uma adaptação de uma graphic novel de Mark Millar, o mesmo de Kik-ass. Ele inovou em sua comédia de espionagem de ação, exagerando em todos os padrões lançados por Ian Fleming, o criador de James Bond: espionagem internacional, conspiração para destruir o mundo, belas mulheres, alta tecnologia, perseguições absurdas e um personagem galante. Este se chama Harry Hart (Colin Firth). Aparentemente, ele é o chefe dos alfaiates de Saville Row, a rua da alta costura masculina de Londres. Na realidade, porém, Hart atende pelo codinome de Galahad e pertence à seita secreta dos espiões mais fiéis à rainha: Kingsmen. Galahad reúne todos os estereótipos do cidadão inglês “de bem”: ostenta ternos perfeitamente cortados, usa chapéu coco e está sempre acompanhado por um guarda-chuva, naturalmente dotado de variados recursos letais.

Com armas e elegância, Galahad está combatendo uma conspiração internacional, urdida por um gênio da informática, Valentine (Samuel L. Jackson), que planeja distribuir chips de celular para o mundo inteiro, para depois controlar as mentes de toda a humanidade. Com a defecção de um dos membros da seita, é preciso encontrar um jovem que se qualifique para tomar parte dos Kingsmen. O concurso é uma gincana de várias provas – inclusive saltar de um avião com paraquedas defeituosos. Um dos mais promissores é um jovem cockney fracassado, Gary 'Eggsy' Unwin (Taron Egerton), filho de um antigo membro da seita, que salvara a vida de Galahad. Ele toma parte da perseguição a Valentine, num vórtice de ação que culmina com a bagunça mundial: por causa do tal chip, elas se agride até a morte. As melhores cenas de multidões se destruindo acontecem em Nova York e Rio de Janeiro.

A maestria de Matthew Vaughn para sequências de ação e violência inofensiva criam a atmosfera ideal para uma sessão de despreocupação cinematográfica. No gênero, Kingsman não poderia ser melhor.

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