Uma noite na Sala São Paulo

Impressões sobre Zygmunt Bauman e Edgar Morin na capital paulista


Bruno Fischer Dimarch Educação

23/08/11 09:13 - Atualizado em 23/08/11 09:13

A aguardada vinda de Zygmunt Bauman no Fronteiras do Pensamento sofreu uma transformação. O sociólogo não poderia mais vir às terras tropicais e em seu lugar o público pôde conferir uma apresentação do renomado Edgar Morin. Somado a este nome de peso, uma equipe de gravação entrevistou Bauman em depoimento exclusivo para ser exibido como abertura do evento (que pode ser conferido integralmente no You Tube).

A Sala São Paulo recebeu um tipo diferente de música. O público conferiu a premiére da aconchegante entrevista na casa de Zygmunt Bauman, abertura para o concerto de Edgar Morin. As composições se conectaram e à mente se colocava o impulso de fazer comparações, acordos e contrapontos entre dois pensamentos críticos sobre o mundo atual.

Sob a sombra desta magia encantadora, repousa também um fato evitado (pois não se pode dizer “ignorado”): um défict de atenção que gradualmente se espalhou na Sala. O entusiasmo inicial que estava visível no público foi perdendo espaço.

No dia seguinte, alguns depoimentos surgiram no escuro do confessionário. Com a difícil tarefa de se colocar frente à fala de um dos maiores pensadores da atualidade, houve quem comentasse, com certo tom receoso, que a palestra “caiu” após um excelente começo, que a fala de Morin se alongou demais, que foi difícil manter a concentração, em suma, que ficou algo aquém do esperado.

Teria sido Bauman privilegiado por ter sua “presença” concretizada por meio de um vídeo muito bem editado e gravado em sua própria casa? Se assim for avaliado, é preciso ressaltar que tal representatividade não permitiu interação com o público (Morin, por outro lado, pôde dialogar a partir das dúvidas a ele encaminhadas).

Certamente, seria uma injustiça imperdoável exaltar pequenas sombras frente à tão singular oportunidade de estar em contato com pensadores influentes e ativos da contemporaneidade. Ainda que as sombras façam parte daquela noite, na Sala São Paulo.
 
 

Bruno Fischer Dimarch, professor, mestre em Comunicação e Semiótica, é consultor educacional na Fundação Padre Anchieta. Atuou como membro da equipe pedagógica de Arte na Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, como coordenador de educação a distância na Fundação Bienal de São Paulo e atua nas áreas de educação, cultura e ensino de arte.

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