Shirin Ebadi fala também sobre política e democracia

Confira respostas da palestrante a perguntas do público presente na Sala São Paulo em 14 de junho, durante o ciclo de conferências Fronteiras do Pensamento, que tem apoio da TV Cultura.


Fernanda Gehrke Educação

17/06/11 16:24 - Atualizado em 17/06/11 16:26

Os direitos das mulheres e a democracia, para Shirin Ebadi, são duas faces da mesma moeda. “A democracia avança mais onde a situação das mulheres é melhor, as mulheres que lutam por sua igualdade dão sempre o primeiro passo para o estabelecimento da democracia”, aponta. “Os piores inimigos dos governos autoritários são as mulheres”.

A democracia não deve ser encarada, para Shirin, como um presente, ou um acidente que aconteceu da noite para o dia. “A democracia é um processo histórico que tem que atravessar etapas de evolução e os movimentos de mulheres abrem caminho para isso”.

Em relação ao apoio do Brasil ao governo do Irã durante o governo Lula, Shirin comentou que o povo do Irã, na época, ficou perplexo. “Entenderam que, se as informações corretas fossem transmitidas para o governo brasileiro, sobre o que efetivamente acontecia no Irã, a política mudaria e por isso, os iranianos que vivem no Brasil começaram a falar sobre o Irã e, de fato, isso começou a mudar”, lembra.

“Eu vim ao Brasil trazer a mensagem de amizade e agradecimento do povo do Irã ao povo e ao governo do Brasil e agora que este encontro com a presidenta não aconteceu, solicito a vocês aqui presentes que transmitam a mensagem de carinho do povo do Irã para sua presidente”, solicita.

Shirin se descreveu, na despedida, como uma defensora dos direitos humanos, cujo dever começa quando a situação começa a piorar. “Infelizmente, no Irã, a situação vai piorando a cada dia”.

Questionada sobre os presos barrais que defende no Irã, Shirin esclareceu ao público presente que a fé barrai é uma religião persa que foi fundada há mais de 200 anos. “Hoje, 300 mil barrais vivem no Irã e não têm nenhum direito. Não têm direito à educação. Nas universidades, são expulsos se identificados como barrais. Criaram uma universidade paralela, somente para barrais, mas o governo ficou sabendo e fechou a universidade e prendeu todos os professores. Não podem estudar nem mesmo em suas casas. Sofrem opressão e crueldade”, descreve.

Shirin é advogada de defesa de sete barrais que estão presos no Irã, que foram acusados pelo promotor de espionagem. “Não há motivo ou qualquer prova para eles estarem presos, são totalmente inocentes, mas mesmo assim o tribunal condenou meus clientes a 20 anos de prisão cada e eles já cumpriram três anos nas piores condições”, conta. Eles foram presos por sua crença religiosa”, enfatiza.

Apesar de todas as dificuldades, Shirin acredita que há potencial para mudanças no Irã e que a principal fonte para essas mudanças são os jovens. “No Irã, 70% da população tem menos de 30 anos e os jovens são contra o governo, porque a taxa de desemprego é muito alta e os jovens não têm liberdade”, explica. “Se dois jovens se beijam na rua, isso é considerado crime e a punição são chibatadas”, cita. “Outro potencial de mudança vem dos trabalhadores, muitos vivem abaixo da linha da pobreza e em muitos casos o salário não é suficiente para sobreviver, por causa da inflação”, acrescenta. As mulheres iranianas, no entanto, demonstram ser um dos maiores potenciais de mudança no país. “As mulheres do Irã estão começando a enfrentar as leis discriminatórias”. Para Shirin, existe forte potencial para mudanças no Irã e a democracia deve chegar ao país em um futuro próximo.

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