“Raul é uma história que não acabou”

A frase é de Walter Carvalho, diretor do documentário Raul - O início, o fim e o meio, que conta a trajetória pessoal e profissional do pai do rock brasileiro.


Bárbara Dantine Arte & Cultura

12/03/12 17:05 - Atualizado em 12/03/12 17:05

Raul Seixas

Um artista libertário, que com suas músicas passava mensagens irreverentes e transgressoras. Suas letras apesar de sofisticadas eram acessíveis, e talvez essa seja uma das explicações para, ano após ano, novas gerações descobrirem a contribuição que Raul Seixas deu para a música brasileira, e quase inevitavelmente, apreciar sua obra.

No documentário Raul – O início, o fim e o meio, co-produzido pela TV Cultura, o diretor Walter Carvalho investiga todos os viés da vida deste que se tornou uma lenda do rock nacional. Entrevistas com amigos, músicos, profissionais da área musical, filhos e ex-mulheres, renderam depoimentos exclusivos, além das imagens inéditas que aparecem no filme.

Desde pequeno, Raul tinha duas paixões, a música e o cinema. Podia assistir inúmeras sessões seguidas do longa “Balada Sangrenta”, onde seu ídolo maior, Elvis Presley, tinha o papel principal. Junto com amigos, fundou o primeiro clube de rock do Brasil, o Elvis Rock Clube, em Salvador. Em 1968, quando lançou seu primeiro álbum, Raulzito e Os Panteras, ele não imaginava que seria um elemento-chave para a mudança nos rumos da MPB. Sua musicalidade era inovadora, com combinações de baião e guitarra elétrica, com inspirações de Elvis e Luiz Gonzaga.

A fama veio no Festival Internacional da Canção de 1972 com Let me sing, let me sing. Um ano depois, Raul cantava sem medo Ouro de Tolo, uma crítica sutil à ditadura militar e ao milagre econômico, mas nem de longe imperceptível. Junto com Paulo Coelho, Raul cria a sua Sociedade Alternativa, inspirada na filosofia do bruxo inglês Aleister Crowley, com certo tempero brasileiro. A dupla acabou sendo presa e Raul foi para o exílio nos Estados Unidos.

Já no campo pessoal, a vida de Raul foi bastante agitada. Raul deixou duas ex-esposas (Edith e Glória) e três ex-companheiras (Kika, Lena e Tânia). Todas foram apaixonadas por ele e todas tinham certeza de que foram ‘”a mulher“ da vida dele, o que mostra que o rei do rock nacional se entregava intensamente nos relacionamentos. Mas entre separações e brigas, ocorreram inúmeras internações devido à dependência de álcool, situação que se complica quando se trata de um diabético que já tinha removido mais da metade do pâncreas.

Raul morreu com apenas 44 anos em 1989, mas deixou uma legião de fãs que ultrapassa os limites do tempo, com admiradores novos a cada dia e um tradicional grito de “Toca Raul” em shows e bares diversos. Raul é o artista morto que mais vende discos no país – cerca de 300 mil por ano. E sobre sua contribuição, Raul afirma: “Eu me formei em filosofia e vim para o Rio de Janeiro lançar um tratado de metafísica que fazia desde pequenininho. Eu cheguei, e descobri que o Brasil não gostava muito de ler. Aí, resolvi ser cantor de iê iê iê realista.”

O cmais+ é o portal de conteúdo da Cultura e reúne os canais TV Cultura, UnivespTV, MultiCultura, TV Rá-Tim-Bum! e as rádios Cultura Brasil e Cultura FM.

Visite o cmais+ e navegue por nossos conteúdos.

Comentários

Compartilhar


relacionadas