Operadores da bolsa são vistos na NYSE, em Nova York, no dia 6 de agosto de 2015
Nova York (AFP) - As autoridades americanas abriram nesta terça-feira procedimentos judiciais contra operadores da Bolsa que teriam ganho até 100 milhões de dólares obtendo ilegalmente informação confidencial sobre empresas como Boeing e Netflix com a ajuda de hackers ucranianos.
A autoridade da Bolsa, a SEC, acusa dois hackers ucranianos e cerca de trinta operadores americanos e estrangeiros, entre eles dois fundos parisienses, Omega 26 e Guibor, de ter ganho 100 milhões de dólares em lucros ilegais.
"Os acusados perpetraram uma fraude internacional ao hackear os sistemas de pelo menos dois serviços de comunicados de imprensa e roubar (...) informações sobre os resultados de um número de empresas que operam na Bolsa que ainda não estavam disponíveis ao grande público", afirma a SEC.
Em uma ação paralela, nove pessoas foram acusadas no estado de Nova Jersey e no Brooklyn (estado de Nova York), segundo o departamento de Justiça, que as acusa de terem obtido mais de 30 milhões de dólares de lucros ilegais.
Os acusados acessavam informações confidenciais, como fusões e compras de empresas, por meio de hackers ucranianos. Com esses dados, os agentes especulavam em alta ou em baixa as ações das companhias.
O mecanismo da manobra era simples: os agentes entregavam aos hackers uma lista de empresas que lhes interessava e os dados que precisavam, aponta a ata de acusação à qual a AFP teve acesso.
Os hackers conseguiram dados secretos de dezenas de companhias, como Bank of America, Boeing, Netflix e Ford.
A manobra começou em fevereiro de 2010 e se estendeu até este ano, permitindo aos operadores embolsar "ilegalmente" cerca de 30 milhões de dólares, segundo a SEC.
Cinco das nove pessoas acusadas foram detidas nesta terça-feira na Geórgia, na Pensilvânia e em Nova York, informou à AFP um porta-voz do departamento de Justiça.
Os dois hackers que vivem na Ucrânia têm 23 e 27 anos. O mais novo, Oleksandr Ieremenko, opera com o codinome "Aleksander Eremenko", segundo dos reguladores da Bolsa americana, enquanto o mais velho, Iván Turchynov, usa apenas o sobrenome "Turchynov".
Treze dos operadores acusados pela SEC vivem nos Estados Unidos e cerca de 20 na Rússia, na Ucrânia, nas Ilhas Virgens, nas Ilhas Cayman, em Malta, no Chipre e nas Bahamas.