“Não há idade para falar sobre dinheiro com os filhos”, garante especialista

Para a educadora financeira, pais erram ao abordar o assunto somente quando as contas estão no vermelho


Thábata Mondoni Jornalismo

25/03/14 14:31 - Atualizado em 25/03/14 14:49

Educação financeira dos filhosUma pesquisa divulgada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) diz que 69% dos pais falam com os filhos sobre a relação com o dinheiro. De acordo com o levantamento, 12% deles consideram os filhos novos demais (com menos de cinco anos) para dialogar sobre o assunto e 19% dos entrevistados admitem que não conversam a respeito.

A educadora financeira Cássia D'Aquino diz que os dados são, no mínimo, intrigantes e ressalta: “Dizer que não vai comprar porque não tem dinheiro não significa ter uma conversa sobre finanças com o filho”.

Cássia explica que há uma série de erros comuns na sociedade brasileira que prejudicam a conscientização da criança em relação ao consumo. A educadora explica que, antes do diálogo, também é importante haver boas referências. “Um erro clássico que os pais cometem é deixar para ter essa conversa somente quando falta dinheiro em casa, e ainda a têm de maneira angustiada e irritada. Mas, quando a vaquinha vai engordando novamente, eles esquecem”.

A especialista garante que a idade não é um empecilho para começar a falar sobre o assunto. Para ela, quando uma criança de apenas dois anos pede algo, significa que já entendeu que existe dinheiro e que ele compra muitas coisas — esse é o passaporte para tratar o tema. A educadora recomenda abordar a criança na padaria, no supermercado, questionando sobre preços, mostrando o que está caro e o que está barato; e o que ela deseja e o que realmente precisa comprar, exigindo uma racionalidade na hora de consumir. Essa é uma forma de ajudá-la a ganhar maturidade.

Outro erro, destaca Cássia, é a falta de convicção sobre a importância de falar sobre dinheiro com os filhos. “Há um exagero em achar que as crianças são espertas demais e que, quando ela bate o pé, aos quatro anos, é porque já sabe o que quer da vida. Alguns pais chegam a pedir opinião para os filhos sobre comprar algo. Não cabe à criança decidir a aquisição de um carro ou até mesmo de um apartamento. Isso desaloja os pais do lugar de autoridade que lhes cabe”.

Pensar que por ter menos filhos é possível oferecer mais ou tentar suprir a ausência com presentes também são fatores que muitas vezes atrapalham a educação financeira das crianças, acrescenta Cássia.

Dica

Para os pais que ainda têm dúvidas sobre como organizar suas finanças e incluir seus filhos na responsabilidade de consumir conscientemente, a dica é o site Meu Bolso Feliz, que oferece orientações e contém simuladores de investimento e de compra e de diagnóstico financeiro.

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