Mobilização geral, mas tardia, após inundações na Grã-Bretanha

Moradores enchem sacos de areia em Egham, oeste de Londres


12/02/14 12:10 - Atualizado em 12/02/14 12:10

Moradores enchem sacos de areia em Egham, oeste de Londres

Londres (AFP) - A mobilização geral era visível nesta quarta-feira nas localidades mais afetadas pelas inundações no Reino Unido, após o combate decretado pelo primeiro-ministro David Cameron, muito criticado pela lentidão no socorro às vítimas, enquanto novas tempestades são anunciadas.

Parte do sudoeste de Inglaterra está inundada desde o Ano Novo e as inundações avançam até Londres, com chuvas e ventos de até 160 km/h que aumentam os temores de um agravamento da situação nesta quarta-feira.

Quatorze avisos de enchentes graves, ou seja, que podem representar risco de morte, foram mantidos em Berkshire e Surrey, duas regiões a oeste de Londres.

Quase 2.000 soldados foram mobilizados para construir diques com sacos de areia e prestar socorro às vítimas, de acordo com a general Patrick Sanders, responsável pela coordenação do esforço militar. "Milhares de outros agentes" serão mobilizadas em caso de necessidade, acrescentou.

A cheia do Tâmisa ameaça mais de mil casas, a cerca de 20 km acima da capital. Várias pessoas precisaram deixar seus lares durante esta madrugada em Staines, perto do aeroporto de Heathrow, enquanto que cerca de 6.000 habitações foram inundadas em todo o país desde o início do inverno mais chuvoso em 250 anos, em algumas regiões do Reino Unido.

O primeiro-ministro David Cameron, que convocou uma nova reunião interministerial de crise COBRA nesta manhã, alertou que a situação pode "se agravar antes de melhorar" e que o tempo de espera antes de um retorno à normalidade poderia ser "deprimente".

De acordo com especialistas, certas regiões terão de esperar até maio para ver seu solo seco.

Esta perspectiva é terrivelmente frustrante para as vítimas que perdem a paciência à espera de uma resposta política e ajuda militar.

Em regiões do sudoeste, onde várias cidades estão isoladas do restante do mundo há mais de um mês, os habitantes se queixam do fato de ter sido preciso que  as inundações se aproximassem de Londres para que Westminster finalmente respondesse à catástrofe.

"Nada como um bom desastre para fazer com que as pessoas reajam", declarou o príncipe Charles, durante sua visita a Somerset, há uma semana, enquanto os políticos pareciam surdos às suas campanhas.

Em visita a Dorset e Devon (sudoeste da Inglaterra), o primeiro-ministro David Cameron deu o exemplo na terça-feira ao cancelar o Conselho de Ministros e abrir mão de uma visita ao Oriente Médio.

Neste momento, a palavra de ordem do Governo é ocupar o terreno, correndo o risco de ser atacado pela população ou ridicularizado pela mídia.

Nesta quarta-feira, os jornais deram destaque aos políticos desfilando por todos os cantos, com  botas de borracha em seus pés.

"Dave and Co, the flood tourists" (Dave e cia., os turistas da inundação), ridicularizou o Daily Mail, considerando que "a aparição dos políticos de botas imaculadas, na vanguarda da moda, é uma visão insuportável aos olhos de muitas vítimas", revoltadas com o lento socorro e a hesitação das autoridades.

A crise tem beneficiado o partido populista Ukip, cujo líder Nigel Farage exigindo no domingo que o país dedicasse parte de sua assistência internacional às vítimas das enchentes.

Aproveitando a ideia, o Daily Mail anunciou nesta quarta-feira que "100.000 pessoas em um só dia" assinaram uma petição defendendo esta solução.

Mas David Cameron descartou esta possibilidade, argumentando que a Grã-Bretanha, como um "rico país com uma economia em crescimento", tinha a capacidade de fazer malabarismos em dois combates.

  •