Massacre de jornalistas e execução de policial: um atentado de violência inusitada

Uma visão geral mostra bombeiros e policiais reunidos em frente aos escritórios da revista francesa Charlie Hebdo em Paris no dia 7 de janeiro de 2015


07/01/15 20:25 - Atualizado em 07/01/15 20:25

Uma visão geral mostra bombeiros e policiais reunidos em frente aos escritórios da revista francesa Charlie Hebdo em Paris no dia 7 de janeiro de 2015

Paris (AFP) - Um massacre com kalashnikov em plena conferência de redação da Charlie Hebdo, troca de tiros policiais, alguns deles friamente executado após ter sido ferido. O ataque contra o semanário humorístico francês foi cometido com uma violência inusitada.

Por volta das 11H20, hora de Paris (09H20 de Brasília), dois homens vestidos de preto, encapuzados e armados com fuzis kalashnikov, chegaram ao número 6 da rua Nicolas Appert, no 11º distrito de Paris, onde ficam os arquivos da Charlie Hebdo. Eles gritam, "A Charlie Hebdo fica aqui?". Após verificar que estão no endereço errado, se dirigem ao número 10 da mesma rua, onde fica a sede do semanário.

Uma vez dentro do prédio, abrem fogo contra o recepcionista e sobem ao segundo andar, onde fica a redação da Charlie Hebdo. "Os dois homens atiram e matam à sangue-frio as pessoas reunidas na conferência de redação e o policial encarregado da proteção do chargista Charb, que não tem tempo de reagir", explicou à AFP uma fonte policial.

Só uma pessoa, que consegue se esconder debaixo da mesa, sobrevive ao massacre. O sobrevivente ouve os dois homens gritar, "vingamos o profeta" e "Alá Akbar" (Alá é o maior), segundo a mesma fonte.

Por volta das 11H30 locais (09H30 de Brasília), um telefonema para a polícia alerta para os tiros na sede da Charlie Hebdo. Policiais são enviados ao local imediatamente.

Os dois atacantes fogem, gritando novamente "Alá Akbar", e ficam frente à frente com uma patrulha da brigada anti-crime da polícia. Um intenso tiroteio se segue.

Os agressores conseguem fugir a bordo de um automóvel Citroën C3 preto e encontram um veículo da polícia. Fazem dez disparos contra o para-brisas do mesmo e ferem os dois policiais a bordo.

O primeiro-ministro francês Manuel Valls é visto conversando com membros da Cruz Vermelha francesa em frente aos escritórios da revista francesa Charlie Hebdo em Paris no dia 7 de janeiro de 2015

Outros policiais atiram contra eles, que respondem aos disparos. No bulevar Richard-Lenoir, uma larga avenida do 11º distrito, um policial uniformizado é atingido por um disparo e cai no chão, exibe um vídeo difundido pela internet.

Os dois homens descem do carro e se aproximam, correndo, do policial, que ergue as mãos e pergunta, "querem me matar?"

Um dos homens se aproxima dele e responde, "está bem, chefe", antes de acertar um tiro na cabeça do policial, sem se deter.

Os dois agressores voltam ao carro, sem parar. Eles gritam, "Vingamos o profeta Maomé! Matamos a Charlie Hebdo!", antes de partir novamente no carro, segundo outro vídeo.

Um pouco mais longe, em uma praça, eles batem contra outro veículo e deixam o motorista levemente ferido. Em seguida, abandonam o automóvel um pouco mais distante, no 19º distrito da capital.

Depois disso, atacam um outro motorista e fogem para o norte de Paris levando o carro dele. A polícia, então, perde seu rastro.

No ataque e durante sua fuga, os dois homens mataram doze pessoas e feriram onze, quatro com gravidade. No total, oito jornalistas morreram.

Segundo o ministro do Interior, são procurados "três criminosos" envolvidos no ataque, mas não definiu o papel desempenhado pelo terceiro.

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