Autor de romance que satiriza o Islã diz que "nada será como antes" na França

Michel Houellebecq suspende promoção de seu livro no país; em "Submission", muçulmano vira presidente da França em 2022


Redação TV Cultura Jornalismo

14/01/15 16:10 - Atualizado em 14/01/15 16:57

O escritor francês Michel Houellebecq é visto em 1 de setembro de 2014(AFP) - O escritor francês Michel Houellebecq reconheceu que "nada mais será como antes" após o ataque na semana passada contra a revista satírica francesa Charlie Hebdo, em uma entrevista publicada nesta quarta-feira 914) pelo jornal italiano Il Corriere della Sera.

A entrevista foi concedida por ocasião do lançamento na Itália do seu polêmico romance "Submission", no qual imagina um muçulmano como presidente da França em 2022 e que tem sido acusado de ser um texto "islamofóbico".

"Eu admito, eu tenho medo", confessou o romancista, que alegou, como reza o lema da Charlie Hebdo, "publicação irresponsável", de ser também um "irresponsável".

O autor francês decidiu suspender a promoção do romance na França depois de protagonizar a capa da edição trágica da revista "Charlie Hebdo" publicada no dia do ataque.

"Nada mais será como antes" após os atentados em Paris que mataram 17 pessoas, incluindo vários cartunistas do semanário, assegurou Houellebecq.

O escritor voltou a rejeitar as acusações de que seu livro é islamofóbico e reconheceu que mudou de ideia depois que em 2001 considerou o "Islã de ser uma religião estúpida", admitiu.

"Voltei a ele ler o Corão (...) Um leitor honesto não conclui que devemos ir e matar crianças judias. Por nada", disse ele.

Questionado sobre a imensa manifestações de solidariedade realizada no domingo em Paris e da onda de apoio global provocadas pelos ataques, o escritor diz sentir-se cético.

"Eu não acredito que as coisas vão mudar profundamente. Voltaremos a manter nossos pés no chão", disse ele.

O romancista irreverente aprovou a decisão da revista de reaparecer nesta quarta-feira com uma caricatura de Maomé na capa.

"Era o que eu tinha que fazer. Uma decisão justa. É justo continuar fiel à sua linha", concluiu.

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