Captura de dióxido de carbono não é eficaz contra acidificação de oceanos, diz estudo

Mesmo que a concentração de CO2 diminua para um nível parecido ao de antes da Revolução Industrial, processo pode demorar centenas de anos


Jornalismo

03/08/15 15:40 - Atualizado em 03/08/15 17:42

(Arquivo) Colunas de fumaça saindo da chaminé de uma indústria petroquímica na Espanha, do dia 30 de Junho de 2015

Paris (AFP) - O emprego em massa de técnicas de captura dióxido de carbono (CO2) da atmosfera não vai parar a acidificação dos oceanos, um fenômeno que ameaça muitas espécies marinhas e que perdurará por séculos, diz um estudo publicado nesta segunda-feira (3).

Remover da atmosfera a cada ano, até 2700, o equivalente a metade das emissões atuais - um nível muito ambicioso - não seria suficiente para recuperar as condições ácidas dos oceanos da era pré-industrial, indicam os autores do estudo publicado na revista Nature Climate Change.

E, mesmo que a concentração de CO2 na atmosfera diminua para um nível semelhante ao de antes da Revolução Industrial, a acidificação dos oceanos pode não seguir o mesmo caminho por centenas de anos.

"As alterações mais rápidas ocorrem na superfície, onde os oceanos estão diretamente expostos a concentrações de CO2 mais elevadas e ao aumento das temperaturas", explica Sabine Mathesius, uma das autoras do estudo.

As emissões de CO2 provenientes das atividades humanas são capturadas a 25% pelos oceanos. Esta troca de ar-atmosfera limita o efeito estufa, mas contribui para uma diminuição do pH nos oceanos, o que tem efeitos muito negativos na biologia marinha.

Sob o efeito das correntes oceânicas, as massas de água acidificadas são transportadas para grandes profundidades ao longo de décadas e até mesmo séculos. "Uma vez no fundo, a água acidificada não está mais em contato com a atmosfera [...] e continuará acidificada por séculos", acrescenta a pesquisadora.

"Mudança irreversível" por séculos 

Portanto, "retardar a redução das emissões de gases do efeito estufa, com a intenção de capturar mais tarde o CO2 da atmosfera, não iria funcionar", considera a cientista, uma vez que os oceanos sofrem "uma mudança irreversível" durante séculos.

Em outro estudo, publicado nesta segunda-feira na revista Nature Communications, cientistas demonstraram que a captura e armazenamento de CO2, uma tecnologia que ainda deve ser desenvolvida para atuar em grande escala, será necessária, mas muito insuficiente para limitar o aquecimento a 2°C. "Através do único caminho de emissões negativas, é improvável que a meta de 2°C seja alcançada", argumentam os cientistas.

Estas conclusões atingem os defensores dos combustíveis fósseis, que acreditam que a captura e armazenamento de carbono em larga escala no futuro vai estabilizar, e mesmo diminuir, a concentração de CO2 na atmosfera.

Os autores do estudo acreditam, no entanto, que a captura e armazenamento de carbono deve ser desenvolvida em paralelo com os esforços drásticos para reduzir as emissões.

Para limitar o aumento da temperatura global em 2°C, objetivo definido pela comunidade internacional, é necessário capturar quantidades maior do que a emitida de CO2, para emissões negativas na faixa de 0,5 a 3 gigatoneladas por ano. Este desempenho deve ser associada a capacidades de armazenamento entre 50 e 250 gigatoneladas, dizem os autores do estudo.

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