Borboletas britânicas estão ameaçadas de extinção graças às mudanças climáticas

Segundo estudo, se emissão de gases do efeito estufa continuar da forma atual, chances de espécies nativas sobreviverem são nulas


Jornalismo

10/08/15 16:05 - Atualizado em 10/08/15 20:20

(Arquivo) Uma borboleta pousa sobre o nariz de uma criança durante sessão de fotos no Museu de História Natural em Londres, no dia 31 de março de 2015

Paris (AFP) - Esforços para conter as mudanças climáticas, juntamente com medidas adotadas no interior da Grã Bretanha, são as únicas possibilidades que podem salvar certas espécies de borboletas, caso contrário, elas desaparecerão nas próximas décadas.

A revista Nature Climate Change publicou nesta segunda-feira (10) um estudo segundo o qual "a extinção das borboletas sensíveis à seca poderia ocorrer antes de 2050". 

Se a emissão de gases do efeito estufa continuar da forma atual, as chances de que certas espécies nativas das ilhas britânicas sobrevivam são "em torno de zero", conclui o estudo.

Proteger áreas selvagens e, principalmente, evitar a fragmentação de seus hábitats naturais dará a essas frágeis criaturas a possibilidade de sobreviver. Essas medidas, combinadas com a limitação de 2º C do aquecimento do planeta, aumentará as probabilidades de sobrevivência a 50%, disseram os pesquisadores.

A meta de dois graus em relação à temperatura na era pré-industrial foi adotado pelos 195 membros da Organização das Nações Unidas (ONU) que vão negociar no fim do ano, em Paris, um novo pacto global para salvar o planeta.

No último século, nenhum lugar do mundo estudou tanto as borboletas como a Grã-Bretanha. Um grupo de cientistas liderado por Tom Oliver, do Centro de Ecologia e Hidrologia de Oxfordshire, examinou dados coletados em 129 lugares para observar como 28 espécies respondiam às severas secas de 1995. Os pesquisadores suspeitam que secas ocasionais e isoladas foram tão devastadoras para algumas espécies quanto o aumento gradual na temperatura global.

Enquanto a seca de 1995 foi a pior já registrada, episódios semelhantes se tornarão mais frequentes na medida em que avançam as mudanças climáticas. Mais de um quinto das espécies, segundo o estudo, perderam grande parte da população durante o período. Foi descoberta uma ligação direta entre a paisagem e resiliência: quando mais fragmentado o hábitat, mais tempo demora para as espécies se recuperarem.

"Os conservacionistas reconhecem cada vez mais a importância de reduzir a fragmentação dos hábitats naturais em vez de se contentar com administrar 'ilhas' protegidas em meio a ambientes hostis de intensa agricultura", disse Oliver.

As borboletas de outros países com alto grau de industrialização agrícola, que também sofrem com as mudanças climáticas, podem estar igualmente em perigo. Em áreas "que são mais quentes e secas, o impacto pode ser muito mais severo", explicou o cientista.

A extensão das conclusões vão além da beleza das borboletas e seu valor em termos de biodiversidade. São muitas vezes utilizadas como um indicador do destino dos outros tipos de insectos.

Se as secas, agravadas pelas mudanças climáticas, tiverem um impacto similar em espécies como abelhas, libélulas e besouros, constatou Oliver, uma parte importante da nossa biodiversidade poderia ser ameaçada. "Muitas dessas espécies provém funções essenciais para a vida humana, como a polinização, eliminação de pragas e decomposição de resíduos", concluiu.

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