Pesquisa indica que emprego formal melhorou vida de população em comunidades carentes

Brasil tem 12,3 milhões de moradores de favelas; mercado movimenta R$ 68 bilhões por ano


Redação TV Cultura Jornalismo

03/03/15 16:50 - Atualizado em 03/03/15 18:42

Pesquisa do Data Favela, realizada com apoio do Data Popular e da Central Única das Favelas (Cufa), revela que o emprego formal é o principal indicador de melhoria de condições de vida dos moradores de favelas nos últimos anos. Cinquenta e três por cento dessas pessoas têm emprego com carteira assinada; 18% trabalham como autônomos; 17% atuam na informalidade e 7% são empregadores.

No Brasil, 12,3 milhões de pessoas vivem em favelas, movimentando um mercado de R$ 68,6 bilhões por ano. Nos estados do Amazonas, do Pará, do Rio de Janeiro e de Pernambuco, o número de moradores dessas comunidades ultrapassa 10% da população total. “Se existisse um estado da Federação chamado Favela Brasileira, seria o quinto maior do país. Temos mais favelados do que gaúchos no Brasil”, comparou o presidente do Data Popular, Renato Meirelles.

O Programa Bolsa Família tem um papel importante na complementação de renda das famílias que vivem em favelas. Um em cada quatro lares tem pelo menos um morador que recebe o benefício. O índice chega a 58% em Fortaleza, 40% em Recife e 32% em Belém.

A ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, defendeu o trabalho do governo na geração de empregos que garantiram ganhos sociais nos últimos anos. “Parece que a geração de mais de 20 milhões de empregos formais nos últimos 12 anos ocorreu naturalmente, mas não ocorreu”, ressaltou após a apresentação dos dados. “A questão da empregabilidade é um esforço do governo brasileiro”, acrescentou a ministra.

Sobre as expectativas e desejos dos moradores de favela, o estudo indicou que 3,8 milhões querem ter um negócio próprio. Destes, 51% são mulheres e 87% disseram que já tomaram alguma iniciativa para viabilizar o projeto nos últimos 12 meses.

Entre os entrevistados, 29% têm entre 25 e 24 anos; 17%, entre 19 e 24; e 28%, entre 35 e 49. “São brasileiros que não se conformam mais em receber um salário mínimo ou um salário mínimo e meio. Eles sabem que, para transformar o sonho em realidade, precisarão crescer, ganhar mais e ser donos do próprio negócio”, explicou Renato Meirelles.

De acordo com o presidente do Data Popular, 63% dos potenciais empreendedores querem montar o negócio na própria comunidade e 19% em bairro próximo. Para o presidente do Sebrae, Luiz Barreto, a opção está ligada às dificuldades de mobilidade nas grandes cidades e ao perfil dos futuros empresários, entre os quais muitas mulheres. “É muito difícil para elas continuar com todas as tarefas domésticas e ter disponibilidade para um emprego formal a duas ou três horas da moradia”, destacou Barreto.

Não ter chefe é a principal vantagem para 29% dos que querem empreender. Para 22%, a melhor coisa de um negócio próprio é ter uma fonte de renda, enquanto 20% querem ganhar mais, 11% fazer o que gostam e 8% pensam em liberdade de horário.

Com informações da Agência Brasil
 

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