Jornalismo

A exposição "Salvador Dalí: Autorretrato e Autobiografia", sobre a vida e a obra do genial  artista do movimento surrealista, abre as portas ao público neste domingo (19), no Complexo Cultural Tomie Ohtake, em Pinheiros, após uma primeira temporada no Rio de Janeiro.

Em São Paulo, além do que foi apresentado na capital fluminense, a curadoria conseguiu trazer mais cinco obras provenientes da Fundação Gala-Salvador Dalí e outras duas do museu Reina Sofía -  instituições detentoras de 90% dos trabalhos expostos –,  compondo a maior retrospectiva do artista realizada na América Latina.

Pela primeira vez no Brasil, é possível conferir o valioso e pequeno óleo sobre madeira "O espectro do sex-appeal" (1934), que aborda o temor pela sexualidade vivido pela sociedade da época; "Desnudo" (1924), que pertenceu a Federico García Lorca; "Homem com a cabeça cheia de nuvens" (1936), com referência a René Magritte; e "O pianista surrealista" (1937), fruto de sua colaboração aos Irmãos Marx.

Audacioso

O trabalho da curadora Montse Aguer, um dos maiores nomes em estudos dalinianos e diretora de uma das frentes de pesquisa da Fundação Gala-Dalí, pretende, segundo ela, convidar o público a mergulhar no universo onírico, simbólico e fantasioso do mestre insano do surrealismo. Ao todo, são 24 pinturas, 135 trabalhos entre desenhos e gravuras, 40 documentos, 15 fotografias e quatro filmes, realizados desde 1920 até suas últimas peças.

"Queremos mostrar um Dalí que se antecipa ao seu tempo, que é audacioso, que defende a liberdade de imaginação do artista em sua própria criação", diz a curadora.

É possível conferir as telas do período de sua formação como pintor. Além de "Desnudo", já citado, "Retrato de meu pai e casa de Es Llaner" (1920); "Retrato de minha irmã" (1925); e "Autorretrato cubista" (1926). Essas pinturas apresentam a metamorfose sob o questionamento da realidade.

Pop

A fase surrealista do artista, a mais "pop" e mais conhecida pelo público, é retratada em telas que mostram um jeito paranoico-crítico de representação, com obras cheias de significado como "O Sentimento de Velocidade" (1931); "Monumento imperial à mulher-menina" (1929); "Figura e drapeado de uma paisagem" (1935); e "Paisagem pagã média" (1937).

As colaborações de Dalí à sétima arte também estão disponíveis ao público. Os filmes "Um cão andaluz" (1929) e "A idade de ouro" (1930), de Luís Buñel, ambos codirigidos por Salvador Dalí, e "Quando fala o coração (1945), de Alfred Hitchcock, cujas cenas do sonho foram desenhadas pelo artista, terão sessões seguidas ao longo da exposição, apresentando um pouco mais da diversidade e da linguagem adotada pelo artista.

O público pode fazer uma viagem biográfica e artística. O acervo apresenta documentos e livros da biblioteca particular de Dali, provenientes do Centro de Estudos Dalinianos, que dialogam com as obras artísticas.

Dalí também fez diversas ilustrações para os clássicos da literatura mundial, como "Dom Quixote de La Mancha", de Miguel de Cervantes; e "Alice no País das Maravilhas", de Lewis Carroll.

"Após a visita, todos entenderão sua importância como artista, não só no surrealismo, mas na história da arte em geral”, ressalta Montse.

A negociação para trazer as peças de Dalí ao Brasil rendeu uma longa e exaustiva jornada. Ricardo Ohtake, presidente do instituto, revela que foram cinco anos de muitas tentativas e conversas com os detentores das grandes coleções dalinianas. "Nos esforçamos muito para concretizar as exposições do artista no país, pela primeira vez com pinturas, e com maior concentração na fase surrealista", conta Ohtake.

Salvador Dalí: Autorretrato e Autobiografia

Visitação: 19 de outubro de 2014 a 11 de janeiro de 2015
De terça a domingo, das 11h às 20h
Livre - Entrada gratuita por meio de senhas: distribuição das 10h às 18h (terça a domingo), na bilheteria do Instituto Tomie Ohtake, com três opções de horários para visitação: 11h; 14h; e 17h.
Endereço: Avenida Faria Lima, 201, Pinheiros, São Paulo
Estação de metrô mais próxima: Faria Lima / Linha 4 - amarela