Estudo revela relação entre uso de drogas e violência ou acidentes de trânsito

Segundo pesquisa da Unicamp, enquanto homens consomem mais cocaína e maconha, mulheres usam mais sedativos e relaxantes musculares


Redação TV Cultura Jornalismo

06/08/15 13:46 - Atualizado em 06/08/15 14:12

De acordo com uma tese de doutorado desenvolvida pela psiquiatra Karina Diniz Oliveira, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade de Campinas (Unicamp), em Campinas, interior de São Paulo, o uso de substâncias psicoativas (álcool, cocaína, maconha e crack) está diretamente relacionado com pacientes vítimas de espancamentos, ferimentos por arma branca ou de fogo, e acidentes de trânsito.

De acordo com os dados da pesquisa, a idade dos pacientes avaliados variou de 18 a 90 anos, sendo 36,3 anos a média de idade. Do total dos pacientes, 105 não responderam ao questionário por recusa, inconsciência ou sequelas incapacitantes. Houve proporção significativamente maior de homens entre os que declararam uso de cocaína e maconha. Já o uso de benzodiazepinicos (sedativos e relaxantes), por sua vez, foi declarado em maior proporção por mulheres.

Realizada entre novembro de 2012 e setembro de 2013, com 453 pacientes maiores de 18 anos, atendidos na Unidade de Emergência Referenciada (UER) do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, a pesquisa contou com a participação de alunos de medicina e enfermagem da universidade.

De acordo com Karina, o estudo tem dois objetivos. A primeira é ensinar o aluno a lidar com dependentes químicos, sem fantasias. A segunda, entender as relações entre trauma e o uso de álcool, cocaína, maconha e crack. "É importante que o médico esteja preparado para perguntar sobre uso de drogas sem medo de achar que vai ofender o paciente”, disse a psiquiatra.

Os pacientes que chegaram inconscientes e que não tiveram condições de manifestar seu consentimento ou evoluíram para óbito só tiveram suas amostras analisadas após algum familiar ou responsável autorizar a participação da pesquisa. “O que chamou a atenção foram as altas taxas de positividade nas últimas 72 horas de uso das drogas antes do trauma ou violência. O uso de cocaína apareceu em quase 20% dos exames. Essa taxa é três vezes maior que a média nacional”, revelou Karina.

 

relacionadas