Acordo de US$ 86 milhões é o primeiro em que companhia nacional compartilha propriedade intelectual para desenvolver medicamento
A empresa brasileira Recepta Biopharma, de São Paulo, firmou um acordo com a norte-americana Mersana Therapeutics para licenciar um anticorpo monoclonal que poderá ser usado em tratamentos contra câncer.
De acordo com os termos do contrato, a Recepta cederá à Mersana os direitos fora do Brasil sobre o anticorpo, que será usado pela companhia norte-americana para desenvolver um composto que combaterá células cancerígenas. Para isso, a empresa americana usará uma tecnologia chamada Fleximer. “Eles usam um ligante para unir o anticorpo a uma toxina. Esse imunoconjugado entrega de maneira muito específica a toxina às células tumorais”, diz à Revista Pesquisa o físico José Fernando Perez, presidente da Recepta.
O acordo comercial, estimado em US$ 86 milhões (R$ 309 milhões), é inédito no Brasil. “É a primeira vez que uma empresa de biotecnologia brasileira licencia uma propriedade intelectual para o desenvolvimento de uma possível droga contra câncer”, diz Perez.
A empresa diz também que grande parte do financiamento para pesquisa foi feita pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Esse é um exemplo de como é possível consolidar uma aliança estratégica, de longo prazo, entre iniciativa privada e governos federal e estadual”, diz Carlos Gadelha, secretário de Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Para Ruy de Quadros Carvalho, pesquisador do Departamento de Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o compartilhamento de descobertas é essencial para o avanço da medicina. “Ao licenciar o uso dos anticorpos monoclonais, a Recepta possibilita que uma outra empresa acelere o desenvolvimento de um novo medicamento, uma vez que a Mersana já domina uma tecnologia necessária para esse processo”, diz Quadros.
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