Segregação espacial na cidade de São Paulo é muito elevada, diz estudo

Segunod pesquisa da USP, habitantes dos espaços nobres apresentavam, em 2010, renda 3,5 vezes superior à da média da metrópole


Redação TV Cultura Jornalismo

09/04/15 16:49 - Atualizado em 09/04/15 17:44

Uma pesquisa do Centro de Estudos da Metrópole (CEM), núcleo de pesquisa ligado à Universidade de São Paulo (USP), constatou que o nível de segregação espacial na cidade de São Paulo se manteve em patamar muito elevado entre os anos de 2000 e 2010. Baseado em dados sobre escolaridade, emprego e renda na cidade, o estudo revela que a segregação é hierárquica em termos sociais.

“A pesquisa confirmou resultados já amplamente estabelecidos que sustentam que São Paulo é intensamente segregada na escala da metrópole”, afirma o professor e coordenador do trabalho Eduardo Marques, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. O que foi descoberto é um processo de evitação social. Isso quer dizer que, embora o perfil dos moradores de periferias tenha se tornado mais heterogêneo, as classes mais altas tendem a se isolar em áreas de elite.

O estudo foi feito com base na divisão da metrópole em espaços, considerando os perfis de presença das várias classes sociais em cada uma das áreas analisadas na realização do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Isso foi feito considerando as áreas dos Censos de 2000 e de 2010, de forma a ser possível compará-los. Assim, por exemplo, os habitantes dos espaços de elite apresentavam em 2010 renda 3,5 vezes superior à da média da metrópole, enquanto os de espaços de trabalhadores manuais tinham renda igual à metade da média metropolitana”, observa Marques. “Entre esses habitantes, 47% deles eram empregadores ou profissionais de nível alto, enquanto essas categorias alcançavam apenas 3,5% no espaço dos trabalhadores manuais”, completa.

Sob o ponto de vista espacial, ocorreu um aumento da presença de profissionais e de camadas médias, assim como queda das classes de trabalhadores manuais, embora essas ainda sejam amplamente predominantes. “Não foram verificados sinais de polarização espacial. Entretanto, os espaços das elites tenderam a se tornar ainda mais seletivos, enquanto as periferias se tornaram mais heterogêneas socialmente”, ressalta o professor. “As mudanças na estrutura social não são compatíveis nem com hipóteses de terceirização nem de desindustrialização da metrópole, embora para se falar especificamente sobre isso seria necessário realizar outros estudos analisando a dinâmica da atividade econômica”, finaliza.

Com informações da Agência USP de Notícias
 

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