Festa Literária Internacional de Paraty 2014

FLIP chega à sua 12ª edição e conta com 47 autores de 15 nacionalidades, a maioria em participação inédita. A edição homenageia Millôr Fernandes

INSTAGRAM #Flip2014 #FlipÉCultura

blog

Giron

A Flip mais variada e menos literária de todas

 

A Flip se encerrou com uma leitura de textos e ditos do humorista Millôr Fernandes. Como sempre, as últimas mesas são mais vazias porque os turistas – foram cerca de 35 mil neste ano - vão embora até o meio-dia. Nesse aspecto, a décima-segunda edição da Festa Literária Internacional de Paraty não foi diferente das anteriores.

Mas houve duas diferenças: a mudança do perfil do público que compareceu à Tenda dos Autores e a programação mais variada e, por isso mesmo, mais dispersiva e desfocada das questões literárias.

O público ficou mais juvenil. Jovens de 18 a 25 anos formaram a maioria dos participantes na plateia. A impressão que deram foi de dispersão. Passavam o tempo em postar fotos e mensagens nas redes sociais e em enviar torpedos para os amigos. E muitos não compareciam às mesas para se reunirem na praça da Matriz, num clima de paquera. À noite, as baladas agitaram a cidade. A garotada se reunia perto dos bares e restaurantes para beber cerveja e vodca comprados dos vendedores ambulantes.

A curadoria de Pedro Werneck abriu a festa literária para a questão indígena, a depressão, o jornalismo, a música popular, o cinema e a ditadura de 1964. Foram as mesas mais concorridas. A melhor delas foi com o psicólogo americano Andrew Solomon, autor de livros sobre depressão e obsessão – ele próprio se trata de depressão. Quanto às mesas literárias, destacaram-se a que juntou o suíço Joël Dicker e a neozelandesa Eleanor Catton, autores de best-sellers e festejados pela crítica. Na quinta-feira, o escritor russo Vladímir Sorókin falou mal de seu conterrâneo Dostoiévski e contou como sobreviveu à censura e ainda sobrevive ao comportamento czarista do presidente Vladimir Putin. Outra mesa desse tipo aconteceu na noite de sábado, com a romancista Jhumpa Lahiri. Mas Jhumpa falou de modo tão lento e reflexivo que boa parte do público foi embora. Na tarde de domingo, o chileno Jorge Edwards e o português Almeida Faria discutiram a paixão e a narrativa.

O saldo da Flip é positivo na popularidade e medíocre naquilo que talvez ela mais importasse quando foi criada em 2003: a literatura.