Óculos de realidade virtual a baixo custo permite acesso à tecnologia 360º (Foto: TV Cultura)
 

Realidade virtual deixou de ser uma tecnologia restrita. Com o desenvolvimento de aplicativos aliados à tecnologia dos celulares, cada vez mais sofisticados, é possível possuir um óculos de imersão 360º a preços abaixo de 30 reais, como é o caso do Google Cardboard.
 

Feito com papelão, o óculos dá vida a mundos virtuais capturados em 360º, como, por exemplo, o clipe "Stonemilker", da cantora Björk, dirigido por Andrew Huang. A peça já está disponível para ser experimentada tanto no Youtube quanto no próprio cardboard. A simplicidade deste gadget foi exatamente o que fez com que o Cardboard fosse vencedor do prêmio Grand Prix de Mobile em Cannes Lions 2015.

A democratização da realidade virtual, aliada às possibilidades de criação e desenvolvimento, é o que dá liga ao projeto. Artistas como Björk podem criar seus vídeos em 360º e seus fãs não precisam ir até o MoMa para assistir ao vídeo nos caríssimos óculos Riff, que custam em torno de 800 reais. Agora, com o seu próprio smartphone, é possivel ter esta experiência sensorial sem sair do conforto da sua casa.

É uma linha tênue de criação. É transportar ou até mesmo criar novos mundos de sensações a serem deglutidas pelos mais diversos olhos ao redor do mundo, como nos explica a diretora criativa do Google Brasil, Maria Fernanda Ceravolo: “Trazer efeitos sensoriais dá possibilidades imensas ao quebrar a barreira entre o real e o virtual. Hoje o celular é praticamente uma extensão do seu corpo. Você quer que a expeirência que você tem no mundo virtual se reflita no mundo real e vice-versa”.

Esta barreira do real e virtual é bem trabalhada no video de Björk. Vemos a cantora, em seu país de origem, a Islândia, apenas na imensidão de uma praia. Uma música que acompanha o cantar dela nos faz girar para acompanhá-la. Logo, ela se multiplica e temos várias possibilidades de assistí-la. O interlocutor de Björk cria sua própria aventura por "Stonemilker", através de uma escolha ativa de pontos de vista, incitados pela própria cantora.

O diretor do clipe Andrew Huang elucida: “Quando você usa um óculos de RV, faz sentido. Você realmente sente que Björk está lá com você e sente o quão infinitas as possibilidades de RV podem ser. Porque eu penso que a realidade virtual eleva sua imersão às últimas consequências. Você olha para o chão e vê os pés da cantora. É muito pessoal e confortável e é isso que transforma a RV em uma plataforma poderosíssima para termos intimidade com Björk”.

"Stonemilker" foi escolhida por ser uma música circular, e seu contéudo, assim como o de outras canções do álbum, transporta-nos para um mundo íntimo das relações. E isso é transposto no corpo de Björk e na sua relação direta com o interlocutor do clipe. “Quando filmei com Björk, eu lhe pedia para ficar extremamente perto da câmera, mas ela precisava fazer nos momentos certos da canção. Então eu lhe dizia: ‘Você escolhe quando quer estar intimamente conosco’, e é isso que criou a dinâmica das emoções na música. Foi uma forma intuitiva mas ao mesmo tempo planejada para a movimentação de Björk”, conta Huang.

Um futuro de possibilidades, agora na palma de nossas mãos, para que cada vez mais estes artistas perspicazes e inovadores transformem nossa maneira de se relacionar com a arte, com o objeto virtual. É dar vida à reprodutibilidade técnica, dando novas camadas de leitura e deixando o espectador, outrora passivo, diante de uma câmera fixa, agora livre, para assistir de onde desejar e criar as suas leituras. O Cardboard, com seu papelão, suas lentes e seu imã magnético de controle, possibilita que embarquemos nessa viagem, seja para andar nas ruas de Paris pelo Google Maps ou para girar com a Björk em "Stonemilker".