Universidade Antropófaga toma corpo com segunda turma de aprendizes-criadores

A cinquentenária companhia Teat®o Oficina caminha em direção à construção de uma universidade livre de estudos antropofágicos


Marcio Moraes, do cmais+ Arte & Cultura

13/08/15 18:05 - Atualizado em 13/08/15 18:06

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A seleção da segunda dentição da Universidade Antropófaga se deu durante dois dias com mais de 150 participantes pré-selecionados (Foto: Jennifer Glass)

A construção da antropofagia como ciência é o que motiva e fervilha o caldeirão antropófago da companhia Teat®o Oficina Uzyna Uzona, que partilha seus mais de 50 anos de fazer teatral em roda na segunda dentição da Universidade Antropófaga. Passar a bola, como disse Zé Celso na aula magma de abertura, é o que conduz a alquimia dos ensinamentos.

A seleção para a nova turma ocorreu no mês de julho deste ano, em que dentre de mais de 150 inscritos e selecionados, saíram 50 convocados para a primeira estação, que se encerrará no fim de agosto. Durante este primeiro mês, os alunos estão cursando três modalidades de pesquisa: te-ato, roteiro e laboratórios de áreas específicas. Durante este percurso, todas às áreas trabalham em conjunto, fomentando a descoberta de cada uma individualmente. 

O te-ato total da UniAntropófaga é composta das seguintes especialidades: atuação, som, vídeo, arquitetura e urbanismo cênico, direção de cena, figurino, camareiragem, comunicação/difusão, música e dança/coro-grafia. “Eu acho que podemos pensar em pluri-versidade antes de universidade [...] é importante: cada um vai, bebe, respira, volta e este movimento de ir e vir entre as linguagens está sendo muito vivo”, conta a aprendiz de figurino, Camila Valones, sobre esta totalidade e convergência de linguagens.

Para encontrar os novos criadores da segunda dentição, foram necessários dois dias de vivências com todos os selecionados da primeira triagem e a equipe da companhia. Estes criadores ansiosos eram recebidos por exercícios de concentração, respiração e reconhecimento de corpo e espaço, seguidos de prática de canto.

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Zé Celso conduz aula para os inscritos em antropofagia e te-ato (Foto: Jennifer Glass)

No primeiro dia, eles ainda contaram com uma aula magma do icônico diretor Zé Celso, que falou sobre Antropofagia. “A Antropofagia é a vontade de comer em todos os sentidos, então tem que ter Cio Sagrado”, disse Zé Celso enquanto ensinava a todos como cantar uma das músicas do repertório do espetáculo As Bacantes, de Eurípedes, encenado pelo Oficina desde os anos 90.  “A formação de uma Universidade Antropófaga [...] são buscas, inserções onde se procura um trabalho coletivo que ative os conhecimentos praticados nos corpos, e não só nos corpos dos atores, mas enfim, dos que vieram para fazer vídeo, arquitetura, urbanismo, luz”, pontua.

No segundo dia, os selecionados apresentaram cenas em trabalhos práticos e improvisos, tendo como base materiais de Artaud, Oswald de Andrade e Villa-Lobos, disponibilizados pela equipe do teatro em seu portal. “Para nós, atuadores do Teat®o Oficina, é um negócio de ‘ficar ligado’, tem que trabalhar o corpo e tem que ser espelho.  [...] Era muita gente, eram 150 e tantas pessoas, era uma multidão depois de um trabalho intenso de música”, conta a atuadora Camila Mota.

Para Camila, "como qualquer companhia de repertório do mundo, companhias de anos, inevitavelmente elas têm um processo didático, porque continuam. Isso é natural”. 

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