Representação e autorrepresentação na era dos dispositivos são temas do 11o Paraty em Foco – Festival Internacional de Fotografia

Max Pam, Antoine D’Agata, Arno Rafael Minkkinen e os brasileiros Christian Cravo, Ailton Krenak, Agnaldo Farias e Marcio Scarvone já confirmaram presença no Festival que vai de 23 a 27 de setembro


Redação, cmais+ Arte & Cultura

23/07/15 12:47 - Atualizado em 23/07/15 13:24

11º Paraty em Foco | Festival Internacional de Fotografia
11º Paraty em Foco | Festival Internacional de Fotografia (Foto: Divulgação)

Há exatos 10 anos, o Paraty em Foco vem se encarregando de fomentar discussões contemporâneas acerca da imagem. Em sua 11ª edição, que acontece durante os dias 23 e 27 de setembro, o Festival propõe um debate sobre a representação e a autorrepresentação na era dos dispositivos eletrônicos. O australiano Max Pam, o francês Antoine D’Agata, o finlandês Arno Rafael Minkkinen e os brasileiros Christian Cravo, Ailton Krenak, Agnaldo Farias e Marcio Scarvone estão entre os confirmados do Festival.

Até bem pouco tempo atrás, para obter um bom retrato era preciso dirigir-se a um fotógrafo, em uma espécie de ritual alquímico, durante o qual colocávamos nas mãos de outrem a missão de construir uma imagem idealizada de nós mesmos. Hoje em dia, no extremo oposto, um turista através de um selfie não apenas faz seu próprio retrato como registra sua geolocalização, ávido por gravar vestígios que extrapolem a vida corriqueira nas timelines das redes sociais.

Na era dos dispositivos eletrônicos e da comunicação em rede, cada qual comanda seu próprio espetáculo. Em tese, o indivíduo hoje é dono da construção completa de sua imagem, como se cada um de nós tivesse uma agência de marketing à nossa disposição.

E o fotógrafo? Somos da teoria que, num mundo onde todos fotografam, fotógrafo é aquele que edita, que constrói as narrativas, nos aproximando cada vez mais de uma fotografia com origens na história oral. A memória do futuro depende essencialmente desses contadores de histórias.

Fotógrafos – tanto os de artes quanto os de ofício – têm encontrado no retrato um instrumento criativo para tratar de seus temas. Se, por um lado, o pau de selfie resolve uma questão de afirmação de identidade e de pertencimento, por outro lado, o retrato também tem sido ferramenta para que fotógrafos e artistas contemporâneos construam narrativas cada vez mais elaboradas.


O Festival

No total, serão 20 workshops, incluindo 4 oficinas da Estação de Trabalho. A ideia é multiplicar a carga horaria dos cursos para, cada vez mais, fazer um evento que aprofunde conhecimentos e as redes entre esses conhecimentos.

Serão realizadas, ainda, ocupações expositivas e projeções por todo o Centro Histórico da cidade, grande parte delas com material reunido por convocatória pública; uma série de lançamentos, conversas e encontros informais ao redor de fotolivros; além de escambos fotográficos, um programa de formação para moradores da cidade e outras tantas atividades, planejadas e espontâneas, que fazem de Paraty um espaço tomado pela fotografia.

Convidados

Conhecido por sua habilidade de se camuflar em intervenções corpo-natureza, o fotógrafo Arno Rafael Minkkinen, que acaba de ganhar a bolsa de Guggenheim, vem da longínqua Finlândia com uma impressionante experiência mimética em sua bagagem.

Antoine D’Agata – dono da frase “Eu uso a fotografia como uma arma. Ela me permite encarar a realidade.” – vem da França carregado de imagens subversivas. De forma nada sutil, sua obra retrata a própria decadência humana, com uma certa dose de sexo, drogas e escuridão, em séries como a mais recente Anticorps.

Por um outro viés da discussão sobre fotografia e autorrepresentação, Christian Cravo traz reflexões sobre sua experiência familiar no processo de criação – uma experiência que poderíamos chamar de atávica. Neto e filho de grandes artistas, Christian assume este legado com franqueza surpreendente e coloca sobre a mesa uma discussão em alguma medida autobiográfica e com carga emocional. Melhor do que ninguém, Christian evidencia as relações do individuo-fotografia-família-afeto.

Além de grandes fotógrafos, nenhuma edição do Paraty em Foco recebeu tantos curadores quanto esta que se aproxima. O espanhol Horacio Fernandes, o argentino Rodrigo Alonso, o mexicano Francisco Matas Rosa e o brasileiro Agnaldo Farias dão corpo teórico às discussões sobre representação, trazendo reflexões do ponto de vista de grandes pensadores da imagem. Quem também engrossa este caldo de discussões é o indígena, ambientalista e exímio orador Ailton Krenak, que aqui contrapõem o olhar indígena ao olhar sobre o indígena.


Cubão (Foto: Sara de Santis)
Cubão (Foto: Sara de Santis)

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