Regina Duarte e o elenco de 'A Volta para Casa' 

Regina Duarte está com a agenda lotada. A atriz acaba de deixar os palcos paulistanos, onde cumpriu com maestria seu papel na segunda temporada da peça Bem-Vindo, Estranho. Em paralelo, ela mergulhou nas primeiras leituras da nova novela das seis da Rede Globo, Sete Vidas, que começa a ser gravada em janeiro, na Patagônia, e estreia, nesta sexta-feira (31), a direção do espetáculo A Volta para Casa, no Teatro MuBE Nova Cultural, em São Paulo.

Desde 2013, Regina está à frente do Grupo de Estudos de Dramaturgia e Interpretação de Textos chamado Fazendo Drama, com o qual realiza reuniões frequentes de pesquisa com a proposta de descobrir novos autores e redescobrir os já consagrados.

Para a estreia do grupo, escolheu os escritos do romeno Matéi Visniec. “Conheci o trabalho dele no último Festival de Teatro de Curitiba ao assistir 2XMatéi, protagonizado por Guida Viana e Gilberto Gawronski. Provocou-me de tal maneira que comprei todos os seus textos. Essa descoberta é uma aquisição enorme na minha carreira e também para o público”, conta entusiasmada.

A namoradinha do Brasil, como é conhecida desde o início de sua carreira, há cerca de 50 anos, acredita ter lido mais de 70 textos de Visniec. “Quero estar viva para montar os outros 18 que separei”, brinca. Nas palavras do assistente de direção e ator, Eduardo Bodstein, o romeno traz o teatro do absurdo, como fez Eugène Ionesco em peças que retratavam a solidão do ser humano e a insignificância da sua existência. “O texto pulou, é um pedido de oração neste momento que estamos vivendo”, referindo-se aos conflitos na Faixa de Gaza.  

A Volta para Casa se passa em um cenário pós-guerra e três situações servem de pretexto para uma reflexão sobre os limites e os valores do ser humano. Primeiro, um soldado aprende a prestar atenção em seus inimigos, que vivem do outro lado da rua. Depois, uma mulher ensaia retornar à sua pátria. Por fim, um general tenta fazer com que os mortos sigam em frente e sejam brilhantemente apresentados no desfile do Dia do Grande Perdão.

“É incrível como passamos a ser sobreviventes, como aniquilamos o que é diferente, como vivemos um processo de involução e brutalidade. Metaforicamente, o espetáculo fala sobre todas as guerras e se torna cômico de tão absurdo”, reflete a atriz Vanessa Goulartt. 

Este é o segundo trabalho de Regina Duarte como diretora. Em Raimunda, Raimunda (2012), de Francisco Pereira da Silva, ela trabalhou com nove atores e 22 personagens. Agora, conta com 18 pessoas que, segundo ela, tornaram-se senhores de algo que nem tateavam. “É muito bonito acompanhar o processo do ator, pois ele floresce. Dirigir é uma emoção que se multiplica pelo número de artistas em cena”.

A paulista revela que até pouco tempo questionava o seu futuro profissional. “Quando imaginava a minha despedida dos palcos, sentia uma dor no coração. Agora encontrei o meu lugar, vocês podem esperar uma Regina muito mais diretora que atriz. Poderei ficar sentadinha dirigindo, quer dizer, sentadinha não”, brinca.

Apesar do encantamento com a nova área de atuação, ela afirma que os primeiros passos não têm sido fáceis. “Aprendi que convicção e atitude são tudo. Há poucos dias fiquei angustiada e questionei a direção da peça. Precisei rememorar a primeira leitura para entender o caminho que eu havia escolhido seguir. Lembrei-me de Paulo José [amigo e também ator] dizendo que cada espetáculo tem o seu tamanho e limite criativo. Voltei nova para o ensaio e chorei ao assistir à primeira apresentação. Era isso”, conta emocionada.

Assista ao convite da atriz:

A Volta para Casa

Quando: De 31 de outubro a 6 de dezembro. Sextas, às 21h30; Sábados, às 23h30.
Duração: 50 minutos.
Classificação: 12 anos.
Preço: R$ 60 (inteira), R$ 30 (meia) e R$ 20 (ingresso amigo).
Onde: Teatro MuBE Nova Cultural. Rua Alemanha, 221, Jardim Europa – São Paulo.
Bilheteria: 4301-7521.