Oficina de daguerreótipos ensina técnica oitocentista com alta definição

Brasileiro que está entre os 30 daguerreotipistas contemporâneos em atividade no mundo reúne grupos em Lumiar, Rio de Janeiro


Rita Albuquerque, do cmais+ | fotos Ricardo Abrahão Arte & Cultura

18/09/14 17:56 - Atualizado em 19/09/14 15:48

Oficina de daguerreótipoA daguerreotipia, uma técnica de fotografia oitocentista desenvolvida por Louis Jacques Mandé Daguerre, surpreendeu o mundo por sua capacidade de reproduzir a realidade, apresentando uma definição jamais superada por outro processo.

Trata-se de uma placa maciça de cobre banhada em prata, a qual é inserida na câmera fotográfica. Segundo Francisco Moreira da Costa, brasileiro que está entre os 30 daguerreotipistas contemporâneos em atividade no mundo, ao passo que a fotografia é feita, a luz bate nessa chapa e entra em contato com os sensíveis haletos de prata submetidos ao procedimento.

O especialista explica que quando combinadas com o mercúrio, essas substâncias constituem o pó formador da imagem. “A figura fica latente e é revelada na superfície da placa, que guarda esse reflexo. O resultado de altíssima definição é visto nitidamente quando próximo à luz. Depois, é preciso fazer um sanduíche com dois vidros capazes de encapsular o resultado obtido para não oxidar”, descreve.    

Francisco estuda a daguerreotipia desde 1996. Apenas cinco anos depois do início, em 2001, montou o Estúdio Século XIX, no distrito de Lumiar, a 160 km do Rio de Janeiro. Ele conta que a vontade de aprender o método de 1839 surgiu em Nova York. “Lá, trabalhei em um ateliê e fiquei encantado com o que os profissionais da área faziam. Voltei para o Brasil em meados de 1989 e depois de alguns anos passei a investir nisso. Montei laboratórios segmentados em busca de qualidade”.  

A complexidade do processo incentivou o carioca a receber interessados em seu estúdio. "Para mim, repassar o conhecimento é uma forma de aprender ainda mais, de ter controle do que eu faço”, e completa, "o resultado depende integralmente do operador, porque cada etapa exige habilidade e cuidado. A química utilizada é perigosa, pode até queimar e/ou envenenar “. 

Nas oficinas que promove, ele reúne grupos de até oito pessoas de sexta-feira à noite até domingo à tarde, quando todos são liberados. “Depois das aulas práticas, nós jantamos em volta da fogueira e tomamos sopa e vinho. No café da manhã faço questão de oferecer alimentos caseiros e regionais, como mel e queijos. É um tipo de albergue que já recebeu médicos, psicólogos, atores, jornalistas e outros”, fala.        

Vivência em Daguerreotipia
Estúdio Século XIX, em Lumiar, Rio de Janeiro.
Oficinas em 26, 27 e 28/9; 10, 11 e 12/10.
Para mais detalhes, acesse

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