“O grande mistério é achar quais impulsos naturais podem ser desenvolvidos sem nenhum esforço”, diz Björk sobre o uso de novas tecnologias

Em entrevista exclusiva ao portal cmais+, a cantora islandesa Björk fala sobre os desafios de unir arte e tecnologia, a produção de seu vídeo em 360º e sua relação com o novo


Marcio Moraes, do cmais+ Arte & Cultura

07/07/15 12:11 - Atualizado em 07/07/15 13:23

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Björk usando óculos de realidade virtual durante apresentação (Foto: Reprodução)

cmais+: É a complexidade tecnológica com a simplicidade de uma praia islandesa e uma cantora. Como a imersão 360º compõe com a sonoridade de "Stonemilker"? E como o ambiente influenciou nisso tudo?

 BJÖRK: Eu e Andrew Thomas Huang fizemos dezenas de vídeos juntos e tínhamos emprestado uma câmera 360º... Decidimos na véspera da filmagem que seria da forma como foi e isso fluiu extremamente espontâneo... Eu imediatamente senti que o caminho era aproveitar o “sorround”, pois a música para mim é circular. Se ela possuísse uma forma, esta seria de um círculo. Então caminhar em torno da câmera e cantar se tornou completamente natural. Eu havia gravado as cordas com um captador e fez muito sentido incluí-las na mixagem da realidade virtual, para dar a impressão de que tudo está pairando a sua volta.

cmais+:  Você cria uma forma imersiva de escutar sua música, uma nova e excitante forma de explorar musicalidade para além do som, atravessar todas as camadas da cultura com ajuda da tecnologia e profundo autoconhecimento de sua criação. Como veio a percepção de que essa forma inovadora de fazer música poderia trazer o público para uma profunda e imersiva trajetória através da música?

BJÖRK: Não tenho certeza (risos), eu provavelmente deva ser a última pessoa a responder esta pergunta...

cmais+:  Essa experiência em 360º faz parte um projeto maior? Você esteve intensamente conectada com tecnologia desde Biophilia, este novo vídeo é uma forma simples de trazer as pessoas ao encontro de si próprias e seus sentimentos através de uma experiência virtual? Quais foram suas expectativas com o vídeo em 360º?

BJÖRK: Acredito que a tecnologia existe para nos ajudar e nos acompanhar. Então toda vez que há uma nova invenção, o grande mistério é achar quais de nossos impulsos naturais podem ser explorados e desenvolvidos sem nenhum esforço.

cmais+:  Como você se encontrou cercada de máquinas que ajudariam a construir sua música de uma forma que ultrapassa apenas a sonoridade? Adentrando em todas as dimensões sensoriais que a música é capaz de abarcar?

BJÖRK: Eu acho que se você já passou por tudo o que eu passei, você lentamente começa a tecer novos elementos dentro desta mistura a cada ano... E assim, toda essa bagagem vai acumulando…

cmais+:  A ancestralidade está em sua voz, cantar é uma forma cultural de modular a voz para expressar-se e questionar o mundo a sua volta. Esta vibração pura é encodada por computadores e ganha cores e formas nas telas que tocam seus vídeoclipes. Como você vê essa relação ancestral que se caminha paralelo a um futuro inovador? O que podemos esperar de Björk?

BJÖRK: (Risos), nossa, que perguta! Eu faço o meu melhor em tentar conectar o que eu sou com o que estou passando e com o meu entorno, amigos, ferramentas e todo o resto… O mais importante, isso tem que incluir um "que" de desconhecido ou então eu vou ficar extremamente entediada. Então, principalmente agora, com o fim de um projeto e o começo de outro, tudo está extremamente amplo e aberto, limpo e nítido, assustador e maravilhoso. 

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