Museu de Arte Moderna lança aplicativo

Com download grátis, "MAM Quebra Cabeça", traz 51 obras do acervo do museu para interação do público


Marília Fredini, do cmais+ Arte & Cultura

26/09/14 18:51 - Atualizado em 26/09/14 19:13

mam-dtq

“Não gosto tanto dos museus. Muitos são admiráveis, nenhum é delicioso. As idéias de classificação, conservação e utilidade pública, que são justas e claras, guardam pouca relação com as delícias. Ao primeiro passo que dou na direção das belas coisas, retiram-me a bengala, um aviso me proíbe de fumar”.

Paul Valery começa assim a série de ensaios ‘O Problema dos Museus’, de 1931. A identificação com esses sentimentos é instantânea e muito compartilhada, mesmo que inconscientemente, pela grande maioria da população que prefere outras atividades culturais à frequentar uma exposição. Crianças e, principalmente, adolescentes costumam ter certa “aversão” à simples menção da palavra “museu”, já sinônimo de algo antiquado, pouco divertido e muito solene, com a pesada aura inerente às obras de arte, às quais devemos observar - sem tocar -

Essa já não é mais a experiência que as crianças e adultos do século XXI terão. Vários museus ao redor do mundo estão aderindo à tecnologia para engajar visitantes e difundir suas coleções, levando a arte a lugares distantes e atingindo um público muito maior, que tem a possibilidade de interagir com suas obras preferidas e também de descobrir outras. Museus como o Louvre, em Paris, e o MoMA de Nova York já lançaram aplicativos para smartphones que auxiliam o visitante a explorar o museu e suas coleções, muitas vezes com recursos multimídia que tornam a experiência ainda mais rica, como a possibilidade de ver detalhes das obras (algo que, presencialmente, é praticamente impossível), e até vídeos dos próprios artistas falando sobre seu processo criativo. O Google, cuja missão é “organizar as informações do mundo e torná-las mundialmente acessíveis e úteis”, criou o Google Art Project, que traz mais de 32 mil obras de arte de 46 museus parceiros em altíssima definição. Através da plataforma, o usuário pode montar uma galeria virtual e percorrer museus ao redor do mundo.

 

Aplicativo MAM Quebra Cabeça

No Brasil, o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) irá lançar neste sábado (27/9) o aplicativo “MAM Quebra Cabeça”, a terceira ferramenta para smartphones da instituição. Dessa vez, a proposta é que o público possa se apropriar e interagir com a arte, através de um jogo que conta com 51 obras do acervo do museu (veja a galeria), descontruídas como em um quebra cabeça. Depois de recomposta, a imagem pode ser compartilhada nas redes sociais, uma maneira de divulgar não só o aplicativo, mas a própria obra de arte.

Para o lançamento do utilitário, o MAM preparou três atividades abertas ao público, que acontecerão na marquise do Parque do Ibirapuera. Os frequentadores do Parque poderão montar quebra-cabeças de obras do acervo do MAM em um cubo-mágico gigante, com adesivos ou com peças em grande formato. Além destas atividades, o MAM vai disponibilizar tablets para que os frequentadores possam entrar em contato com o aplicativo. O evento acontece a partir das 15h30, em frente à escultura “Spider” de Louise Bourgeois.

(MAM Quebra Cabeça / Foto: Divulgação)

O cmais+ conversou com o curador do museu, Felipe Chaimovich, também responsável pela curadoria digital das obras presentes no aplicativo, e que vê na ação “uma das formas que o MAM encontrou para explorar a sua coleção e atrair novos públicos que, não importa onde estejam, terão acesso aos nossos conteúdos e serão capazes de opinar, construir e reconstruir um conhecimento coletivo sobre arte, que são os pilares da missão do museu”. Leia abaixo a íntegra da entrevista.

 

CMAIS - Muitos museus internacionais já tem aplicativos ou participam do Google Art Project. Qual a importância dessa presença digital para as instituições de arte?

Felipe Chaimovich - As plataformas digitais criam identificação do público com as instituições de arte, ou ampliam essa identificação. O público também é acolhido pelas instituições de arte por meio de campanhas de comunicação em redes sociais e pela oferta de acesso a informação, como a consulta a coleções.

 

CMAIS - E pensando por outro lado, qual o papel da arte dentro da sociedade em rede?

Felipe Chaimovich - A arte cria situações que demandam a presença real do público, tirando esse público da relação virtual com a cultura.

 

CMAIS - O aplicativo propõe uma interação maior dos usuários com as obras do acervo do MAM do que outros aplicativos de museu, como o do Louvre. Por que essa abordagem mais lúdica foi adotada?

Felipe Chaimovich - O MAM já possui dois outros aplicativos com diferentes funções, que foram desenvolvidos para as mídias móveis para atingir espectadores que não estão no museu, como o Google Art Project, e para ajudá-los em visitas guiadas dentro do MAM, como os videoguias e audioguias.  Entretanto esses dois aplicativos fornecem conteúdos para o visitante, mas não permitem interação. Por isso, pensamos em um aplicativo mais lúdico que quebre a condição passiva do público para torná-lo ativo, permitindo que o usuário selecione obras que se identifique.

 

CMAIS - Como o aplicativo do MAM se coloca dentro da estratégia de comunicação do museu?

Felipe Chaimovich - A oferta de ferramentas interativas e a aposta em uma nova linguagem são formas que o MAM encontrou para explorar a sua coleção e atrair novos públicos que, não importa onde estejam, terão acesso aos nossos conteúdos e serão capazes de opinar, construir e reconstruir um conhecimento coletivo sobre arte, que são os pilares da missão do museu. O jogo é uma forma de difundir a coleção do museu, que diferente de outras instituições, não fica permanentemente exposta. O aplicativo permite um diálogo personalizado que promove a participação e fornece informações não só do MAM, mas também da arte contemporânea e moderna brasileira. Essa é apenas uma das ações que o MAM propõe como forma se diálogo com o seu público. Além disso, através de programas educativos, como o Domingo MAM, a instituição tem como proposta levar as atividades culturais para fora do museu e apostar em alguns eixos de atuação que promovem tanto a formação cultural, quanto uma convivência no espaço público.


 

Mais Informações:

Lançamento do aplicativo "MAM Quebra Cabeça" - Sábado (27/9), às 15h30. Entrada Franca.

MAM - Museu de Arte Moderna - Av. Pedro Álvares Cabral, S/N - Parque do Ibirapuera - Portão 3

Apple: https://itunes.apple.com/app/mam-quebra-cabeca/id901452260

Android: https://play.google.com/store/apps/details?id=air.br.org.mam.quebracabeca

O cmais+ é o portal de conteúdo da Cultura e reúne os canais TV Cultura, UnivespTV, MultiCultura, TV Rá-Tim-Bum! e as rádios Cultura Brasil e Cultura FM.

Visite o cmais+ e navegue por nossos conteúdos.

Comentários

Compartilhar


relacionadas