Livros e quadrinhos que viraram séries de sucesso

O brasileiro passa, em média, 2h35 por dia em frente à televisão e dedica apenas seis minutos por dia aos livros


Ana Carolina Surita, do cmais+ Literatura

14/11/14 17:29 - Atualizado em 14/11/14 18:04

walking-dead

Adaptar histórias de livros e quadrinhos não é uma novidade para o cinema. Batman, Blade, o caçador de vampiros, Homem Aranha, O caçador de pipas, A menina que roubava livros são só alguns exemplos da literatura transformada em 7ª arte. Também é cada vez mais comum assistir séries de TV baseadas em conteúdos literários.

Um exemplo disso é The Walking Dead. Criado pelo roteirista Robert Kirkman, The Walking Dead surgiu originalmente há mais de uma década, em 2003, no formato de história em quadrinhos. O projeto, no começo, não obteve muito destaque, mas ao longo do tempo o universo zumbi ganhou inúmeros fãs.

Já na primeira edição dos quadrinhos, Kirkman explicava o que queria: “Pretendo fazer deste um longo projeto. Vocês verão Rick mudar e amadurecer ao ponto de sequer reconhecê-lo quando voltarem a esta primeira edição. Espero que vocês estejam esperando um épico em ascensão, pois este é meu objetivo aqui”.

Dos quadrinhos foram adaptados para uma série de TV. Em 31 de outubro de 2010, estrategicamente exibido no dia das bruxas, The Walking Dead estreou na emissora norte-americana AMC. Kirkman, em seu depoimento sobre o longo projeto, estava certo: a primeira temporada foi um fenômeno de audiência, chegando a ter 5,35 milhões de espectadores em sua estreia.

O leque se abriu para novas temporadas e novos formatos foram lançados. Surgiram livros e jogos de videogame, além de inúmeros produtos licenciados, como action-figures, jogos de tabuleiro, roupas e acessórios.

LIVROS

De acordo com o IBGE, o brasileiro adulto passa, em média, 2h35 por dia em frente à televisão e dedica apenas seis minutos por dia aos livros. “As séries de televisão e os games podem ajudar a despertar nos jovens a curiosidade sobre a leitura”, escreveu o jornalista Danilo Venticinque em sua coluna na revista Época.

Segundo ele, “em vez de se opor às formas mais populares de entretenimento, as campanhas de incentivo à leitura deveriam aliar-se a elas. Os livros se tornariam muito mais atraentes se fossem vistos como algo similar a outras fontes de prazer. As séries de televisão e os games podem ajudar a despertar nos jovens a curiosidade sobre a leitura. Depois disso, eles encontraram tempo para os livros naturalmente, sem que alguém precise mandá-los desligar nada”.

Orange Is The New Black estreou no Netflix em 2013 e conquistou crítica e publico. O livro, que conta a história da autora Piper Kerman que foi presa por lavagem de dinheiro quase 10 anos depois do crime cometido, foi o pontapé inicial para o sucesso. “Eu acho que o maior desafio foi que, embora o livro tivesse personagens deliciosos e fosse uma ótima leitura, ele era relativamente livre de conflitos”, conta a criadora da séria Jenji Kohan. “Tivemos que deixá-lo mais dramático para a televisão. Também sinto que, uma vez que começamos, a série se tornou algo próprio, saímos do livro.”

No Brasil, o livro ‘Orange is The New Black’ foi lançado em 2014, pela editora Intrínseca. O lançamento do livro [Leia o primeiro capítulo] no Brasil chegou para atrair os fãs que esperavam a segunda temporada da série. Ao ler o livro, nota-se que o relato feito pela autora realmente é mais sóbrio que na série original da Netflix.

‘Orange is The New Black’ também oferece para o leitor/telespectador outras ferramentas de interação. Com mais de 3 milhões de ‘curtidas’, seu facebook tem publicações diárias, assim como seu instagram e twitter.

“A maioria das emissoras de televisão já tem produzido conteúdos exclusivos para seus sites e, recentemente, vem adotando um posicionamento mais ativo nas redes sociais, de modo a engajar e conquistar audiência. Em sua maioria, é uma estratégia tímida, até convencional, mas aponta em direção a um melhor entendimento da necessidade de oferecer mais conteúdo aos fãs”, diz a pesquisadora do grupo Era Transmídia Marília Fredini.

Sendo assim, a indústria da televisão e agora as plataformas de streaming de vídeos querem cada vez mais seus consumidores envolvidos, seja eles com uma boa leitura ou com as redes sociais.

 

 

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