Documentário sobre os Anos Dourados do movimento negro será lançado em abril

Baile pra matar saudades é resultado de uma pesquisa de pós-doutorado na USP feita pela antropóloga Érica Giesbrecht


Redação cmais+ Arte & Cultura

27/03/15 15:48 - Atualizado em 27/03/15 15:51

baile
Laudelina de Campos Mello no Baile da Pérola Negra - Campinas 1957 (Foto: Arquivo Pessoal de Glória Boardi)

Será lançado no dia 4 de abril o documentário Baile pra matar saudades, resultado de uma pesquisa de pós-doutorado na USP feita pela antropóloga Érica Giesbrecht, que estudou a importância dos bailes de gala, organizados pelo movimento negro de Campinas como uma resposta elegante ao racismo na cidade. O documentário será exibido a partir das 21h, no Clube do Bonfim, em Campinas, onde também será realizada na mesma noite uma reedição dos bailes da década de 1950.

Segundo Érica, a organização desses bailes, que chegavam a reunir de 600 a mil pessoas, colaboraram para a articulação de ações em defesa dos direitos civis e contra a descriminação. Entre as pessoas que participavam desses bailes, por exemplo, estava Laudelina de Campos Mello, fundadora da Associação Profissional Beneficente das Empregadas Domésticas em Campinas, que inspirou a constituição do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos.  Além da reafirmação política, esses bailes colaboraram para a formação de grupos afro-brasileiros na cidade, que ganharam espaço entre 1990 e 2000.

“A comunidade negra que existe hoje em Campinas teria a força que ela tem se não fosse por essa comunidade que foi criada pelos bailes do passado?”, pergunta a pesquisadora. “Quem está hoje no movimento negro são os filhos e netos da geração dos bailes. Como as pessoas se engajaram tão rapidamente no movimento negro? De onde vem essa articulação? Ela vem do engajamento de milhares de pessoas do passado ao som das big bands”, afirma Érica.

A ideia do baile surgiu durante a pesquisa, ao perceber a importância que os bailes do passado exerciam sobre os membros mais velhos de grupos afro-brasileiros. Érica também gravou um documentário sobre a realização do evento no ano passado, que conta ainda com depoimentos de cinco pessoas que participavam dos bailes de antigamente e cujas vidas foram permeadas pela segregação racial na cidade. O filme relata memórias como a de Tia Nice do Acarajé, que foi impedida em entrar em uma escola particular por ser negra, mesmo após ter obtido uma bolsa de estudos. Ou de Rosária Antônia, a Sinhá, que não conseguia emprego por causa da cor de sua pele. “O documentário é o principal produto de minha pesquisa. E nele as memórias são o foco principal. Ao invés de um conjunto de entrevistas, optei pela imersão dos personagens numa reexperimentação do passado. Essa foi a motivação para a produção do baile.” 

Serviço

Baile pra matar saudades

Dia 4 de abril, às 21h

Clube do Bonfim, Rua Bento da Silva Leite, 330 - Jardim Chapadão, Campinas - SP, 13070-064

Ingressos: R$ 60,00

Telefones para ingresso:

(19) 995394617/ 32433094 - Rosária Antônia

(19) 997892245 – Glória e Vanessa Boardi

(19) 993409891 - Vida Di Falco

O cmais+ é o portal de conteúdo da Cultura e reúne os canais TV Cultura, UnivespTV, MultiCultura, TV Rá-Tim-Bum! e as rádios Cultura Brasil e Cultura FM.

Visite o cmais+ e navegue por nossos conteúdos.

Comentários

Compartilhar


relacionadas