Com tiragem inicial de 2,5 milhões de exemplares, a edição 1.179 da revista satírica Charlie Hebdo foi lançada nesta quarta-feira (25). O “número dos sobreviventes”, como ficou conhecida a publicação feita dias após o atentado, vendeu cerca de 8 milhões de cópias.

Assinadas pelo cartunista Luz, as ilustrações presentes na nova capa (veja ao lado) fazem referência à Marine Le Pen, líder de extrema-direita francesa, ao ex-presidente Nicolas Sarkozy, ao Papa Francisco, a um jihadista e a um microfone da emissora BMFTV. Todos fazem parte de uma matilha raivosa, a qual corre atrás de um cachorro que segura a edição da Charlie Hebdo entre os dentes. Na manchete: “... C'est reparti!" (“... Aqui vamos nós outra vez!”, em português).

Para o autor da charge, “é preciso falar sobre o retorno da Charlie, que volta a fazer seu trabalho contra a estupidez, contra a Frente Nacional”. Em declaração ao jornal Libération, que abriga a redação da revista desde o atentado de 7 de janeiro, o também cartunista Riss afirmou que “o sentido deste número é dizer que a vida continua”.

Ao todo, trinta funcionários participaram da edição de 16 páginas, que traz o julgamento de Dominique Strauss-Kahn, Copenhagen, o armamento da polícia municipal de Beziers, a gripe e a Grécia.

Entenda o ataque à sede da Charlie Hebdo

Um atentado na sede da Charlie Hebdo, em Paris, deixou 12 mortos na manhã de quarta-feira, 7 de janeiro. Três homens invadiram o local portando metralhadoras AK-47 e atiraram contra funcionários. O diretor da publicação e também cartunista Stéphane Charbonnier, conhecido como Charb, estava entre as vítimas. Após confronto direto com policiais, também atingidos, os autores do crime fugiram em um carro guiado por outro elemento do grupo.

À noite, Hamyd Mourad, de 18 anos de idade, entregou-se à polícia alegando ser inocente. Ele teria agido voluntariamente após ver o seu nome na lista dos envolvidos no atentado. Outros dois homens, os irmãos Chérif e Said Kouachi, de 32 e 34 anos, respectivamente, foram localizados e mortos no nordeste da França, após terem feito um refém. O massacre foi planejado e financiado pela Al-Qaeda, no Iêmen, antes mesmo de 2011.    

Em 14 de janeiro, a equipe sobrevivente da Charlie Hebdo publicou a nova edição da revista, que superou as expectativas ao rodar 8 milhões de exemplares. Na capa, uma charge do profeta Maomé trazia os dizeres: “Tudo está perdoado. Eu sou Charlie”.