Better Call Saul estreia com recorde nos Estados Unidos

Spin-Off de Breaking Bad foi visto por 6,9 milhões de pessoas em canal a cabo e também está disponível em serviço de streaming


Marília Fredini, do cmais+ Arte & Cultura

12/02/15 12:17 - Atualizado em 12/02/15 12:30

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Muito se tem falado, ao longo dos últimos meses, sobre o crescimento da audiência em vídeos sob demanda e a queda do interesse pela programação da TV linear. Um dos principais motivos dessa mudança de hábito é a possibilidade de controlar os horários e dispositivos para consumo de mídia.

No momento em que o canal norte-americano AMC fechou acordo para que o serviço de streaming Netflix disponibilizasse as quatro últimas temporadas da série Breaking Bad, uma nova maneira de acompanhar as séries ficou em evidência e uma nova legião de fãs foi formada. Aqueles que vinham acompanhando à distância o sucesso da produção de Vince Gilligan (Arquivo X), puderam “pegar o bonde andando e sentar na janelinha”, binge-watching (assistindo compulsivamente) toda a série de uma só vez, sem esperar pelas exibições semanais na TV linear. Com uma nova audiência formada, a temporada final de Breaking Bad foi ao ar em 29 setembro de 2013 nos Estados Unidos batendo recordes e, no dia seguinte, estava também disponível no Netflix, na Inglaterra e Irlanda.

Como as boas produções norte-americanas, o roteiro bem estruturado era repleto de personagens interessantes e complexos. O advogado Saul Goodman (Bob Odenkirk), que aparece na segunda temporada como um alívio cômico para a trama de Walter White acaba de ganhar série exclusiva:  em Better call Saul, vemos a vida pregressa do advogado em início de carreira, ainda sob o nome de batismo James McGill, trabalhando na defensoria pública e cheio de contas a pagar. O primeiro episódio foi exibido na noite de domingo (8) no canal AMC, tornando-se a estreia de seriado mais vista na história da TV a cabo norte-americana, com 6,9 milhões de telespectadores. No Brasil, está disponível desde o dia 10 no Netflix.

É uma série feita principalmente para atender aos fãs de Breaking Bad, o que fica claro na abertura: imagens melancólicas de um Saul Goodman envelhecido, agora funcionário de lanchonete num shopping center, passam em ritmo lento, em harmonia com o preto e branco da fotografia. Podemos ver que, solitário, seu entretenimento preferido é assistir à uma velha fita VHS com os comerciais pelo qual ficara famoso como advogado, ao usar o bordão “Better call Saul” (“É melhor ligar para o Saul”), ponto de partida para a nova série.

A partir daí, a narrativa volta alguns anos antes do encontro com Walter White e Jesse Pinkman, mostrando como um advogado mediano e falido usa de muita criatividade para tentar crescer. Outros personagens de Breaking Bad vão aparecendo no primeiro episódio: Mike, seu matador de aluguel, ainda é caixa em um estacionamento, e Tuco, um dos grandes traficantes que Walter e Jesse tiveram que confrontar, mora em uma bela mansão de subúrbio e foi a primeira vítima de um golpe que Saul, ainda Jimmy, inventou com dois garotos para conseguir alguma grana.

Tudo leva a crer que será uma série envolvente, mesclando comédia e suspense tão bem como sua antecessora, e construindo magistralmente os arcos dramáticos de cada um dos personagens.

A produção pode ser considerada um marco na indústria audiovisual na virada do broadcast para o OTT (over-the-top, como também são chamados os serviços de streaming). Better call Saul já foi pensada sob a lógica do consumo sob demanda, tendo o Netflix como detentor dos direitos de exibição on demand. No entanto, por ser uma parceria com o canal AMC, a lógica da distribuição seguirá mais o modelo da TV que o do binge-watching. Semanalmente novos episódios serão transmitidos no canal AMC e, no dia seguinte, estarão disponíveis no Netflix. Um novo hábito, porém, já se forma: daqueles que esperam a série terminar para então começar a assistir, tudo de uma vez. Na era do Youtube, um produto audiovisual, principalmente de entretenimento, não tem como negar que sua distribuição principal é via internet, e sob demanda.

Better call Saul promete manter a qualidade narrativa de Breaking Bad, com seus ótimos personagens e roteiro inteligente.

 

 

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