Ano de 2014 foi de grandes turnês e consolidação de festivais independentes Brasil afora

Jornalista e membro do júri da APCA, Marcelo Costa comenta os destaques do ano de shows nacionais e internacionais no país e sua experiência como curador do festival Prata da Casa


Felipe Tringoni, do cmais+ Música

07/01/15 15:05 - Atualizado em 07/01/15 16:02

Público do show da banda Queens of the Stone Age no Espaço das Américas, em São Paulo (Foto- Manuela Scarpa - Photo Rio News - Reprodução)
Público do show da banda Queens of the Stone Age no Espaço das Américas, em São Paulo (Foto: Manuela Scarpa / Photo Rio News / Reprodução)

O ano de 2014 foi extremamente movimentado no cenário brasileiro de shows, tanto de artistas internacionais quanto de nacionais.

Segundo levantamento anual do site Rockin’ Chair, só no estado de São Paulo aconteceram cerca de 700 apresentações de músicos estrangeiros ao longo do ano – uma média de quase duas por dia. Entre as atrações, astros do pop (como One Direction), rock (Metallica, Paul McCartney, Arctic Monkeys, Arcade Fire) e jazz (Ron Carter, Avishai Cohen, Brad Mehldau, entre outros).

No que se refere a brasileiros, o ano também foi intenso, particularmente para o cenário independente país afora. Festivais como o Porão do Rock, em Brasília, Festival do Sol, em Natal, e Se Rasgum, em Belém, se solidificaram e abriram portas tanto para artistas consolidados (como Jota Quest, Titãs e Arnaldo Antunes) quanto para revelações (Boogarins, Apanhador Só, Silva e tantos outros).

Para fazer um balanço do ano que passou e analisar o meio de espetáculos de nosso país, o cmais+ conversou com Marcelo Costa, jornalista, editor do site Scream & Yell e integrante do júri da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). Marcelo viaja o Brasil e o mundo frequentando festivais e shows e compartilha suas impressões, primeiramente, sobre as melhores apresentações internacionais que aconteceram no Brasil em 2014. O show do ano, para ele, é “inconteste”: foi o da banda de rock estadunidense Queens of the Stone Age no Espaço das Américas, em São Paulo. Ouça:



Marcelo também dá destaque especial para outra banda dos Estados Unidos, ícone do cenário alternativo a partir dos anos 1990: o trio Yo La Tengo, que passou pelo Cine Joia. “Lançando um bom disco [Fade, de 2013], fizeram um show de várias facetas”, avalia. Em seguida, relembra um punhado de boas apresentações: desde Paul McCartney (“Quem o viu pela primeira vez, votará nele como o melhor show do ano. É muito impactante”, opina), passando pela banda canadense Arcade Fire (que se apresentou no festival Lollapalooza), pela cantora folk Joan Baez e pelos ingleses do Arctic Monkeys.

Já nos shows nacionais, o jornalista relembra primeiramente duas apresentações de bandas novas e independentes que o marcaram no ano que passou: os gaúchos do Apanhador Só no Lollapalooza e os goianos Boogarins no Festival do Sol, em Natal.





Os Titãs, mascarados, tiveram seu show eleito o melhor do ano pelo júri da APCA (Foto: Reprodução)
Os Titãs, mascarados, tiveram seu show eleito o melhor do ano pelo júri da APCA em 2014 (Foto: Reprodução)

Em seguida, o crítico fala sobre o show vencedor do prêmio da APCA como o melhor do ano: os veteranos Titãs com o repertório de seu mais recente álbum, Nheengatu. “Eles vêm com um disco novo, forte, percebem isso e conseguem levá-lo para o palco de uma maneira vigorosa. É muito bom ter uma banda como os Titãs de volta”, diz.



Analisando o cenário de maneira ampla, os destaques do ano dos grandes eventos internacionais foram um megafestival consolidado (Lollapalooza), a expansão de alguns (Popload Gig e Cultura Inglesa) e o fim de outros (Planeta Terra), além de grandes turnês individuais. Marcelo observa, nessa área, a grande quantidade de shows pop, de artistas como One Direction, Demi Lovato, Lorde e Imagine Dragons, “artistas que pegam uma faixa de público entre 10 e 18 anos, que eu não via tanto nos anos anteriores”, observa. “Precisamos, logicamente, que o cenário se renove e essas pessoas gostem de ir a shows, para que eles continuem acontecendo”.



Se os festivais internacionais seguiram a praxe, sem grandes evoluções, chama muito a atenção a sedimentação dos eventos independentes Brasil afora. Porão do Rock, Festival do Sol, Bananada, Goiânia Noise, El mapa de todos, Casarão, Se Rasgum... Uma cena que praticamente ignora São Paulo e Rio de Janeiro e que traz organizações e curadoria “cada vez mais fortes, com mais personalidade e levando mais público”.

Marcelo fala sobre os principais eventos do calendário nacional e recomenda a visita aos festivais fora do circuito SP/RJ.



E já que o assunto é a cena independente, o jornalista comenta uma experiência particular no ano de 2014: assinou a curadoria do celebrado festival Prata da Casa, do SESC Pompeia, em São Paulo. O projeto, que existe desde 1999, abre espaço para novos grupos e artistas com apenas um trabalho lançado, em shows gratuitos às terças-feiras. Entre os mais de 500 espetáculos realizados constam nomes como Fabiana Cozza, Ludov, Barbatuques, Karina Buhr, Fernanda Porto, Rashid, Cícero, Lucas Santtana, Céu, Vanguart e Tulipa Ruiz, entre outros que encontraram na Choperia do local seu primeiro grande palco.

Marcelo comenta a experiência de produzir a escalação ao longo do ano (27 shows no total) e uma característica marcante da cena nacional: a constante intersecção entre artistas de diferentes sonoridades e estados do país. “Temos uma cena independente valorosíssima, com grandes artistas que podem fazer bonito em qualquer palco do mundo. Escolher artista não é problema. O problema é tentar encaixar o máximo de artistas, abarcar um cenário que precisa ser ampliado”.

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