Arquitetura da destruição

Veja como utilizar o filme alemão Arquitetura da destruição como recurso pedagógico, na dica desta semana da série O cinema na escola.


Educação

29/07/11 12:18 - Atualizado em 05/08/11 18:58

Título original: Undergangens Arkiektur

Gênero: Documentário

Duração: 121 minutos

Lançamento: 1989

Produção: Alemanha

Narração: Bruno Ganz

Classificação etária: 14 anos

 

O filme

Arquitetura da Destruição está consagrado internacionalmente como um dos melhores estudos já feitos sobre o nazismo no cinema. O filme de Peter Cohen lembra que chamar a Hitler de artista medíocre não elimina os estragos provocados por sua estratégia de conquista universal. O veio artístico do arquiteto da destruição tinha grandes pretensões e queria dar uma dimensão absoluta à sua megalomania. Hitler queria ser o senhor do universo, sem descuidar de nenhum detalhe da coreografia que levava as massas à histeria coletiva a cada demonstração.

O nazismo tinha como um dos seus princípios fundamentais a missão de embelezar o mundo. Nem que, para tanto, destruísse todo o mundo.

 

Curiosidades

Vale ressaltar que Adolf Hitler era, ele mesmo, um apreciador das possibilidades do cinema. Tanto que contratou a cineasta alemã Leni Riefenstahl para realizar filmes de propaganda sobre o III Reich. Leni acabou realizando, entre outros, um dos maiores clássicos do documentário mundial, O Triunfo da Vontade (1935), onde mostrava convenção anual do partido nazista em Nurembergue, em 1934. Execrável do ponto de vista ideológico e humanitário, o cinema de Leni acabou por se tornar admirável do ponto de vista estético.

 

Algumas possibilidades de trabalho com o filme Arquitetura da Destruição

•    Áreas curriculares: Ciências Humanas e Linguagens e Códigos

•    Sugestão de disciplinas: História e Arte

•    Temas: Ética e Pluralidade Cultural (Regimes totalitários – o nazismo, Segunda Guerra Mundial1, Respeito mútuo, Justiça, Percepção da produção artística como forma de expressão)

 

Orientações preliminares

Arquitetura da Destruição é um documentário com cerca de duas horas de duração, por isso sugere-se o recorte de momentos considerados de merecido destaque. Aqui se indica o trecho2 do filme que fala da “arte degenerada” (aos 12 minutos) e de um dos trechos em que são mostradas as obras das “Grandes Exposições de Arte Alemã” (por exemplo, a de 1938, capítulo 5, aos 44 minutos).

 

Atividades

Como sensibilização, exiba a apresentação de Leon Cakoff (extras do DVD), chamando atenção para várias questões, entre as quais o tempo de pesquisa (sete anos) que o diretor Peter Cohen usou para embasar o documentário. Outra questão importante é a visão cruel e distorcida do uso da destruição para a construção de outra sociedade. Dando início à seqüência didática propriamente dita, apresente aos alunos uma reprodução da tela Guernica3. Faça com eles a “leitura” e a interpretação da obra4.

A seguir, exiba os trechos sugeridos do filme, solicitando aos alunos que fiquem atentos à comparação entre as duas visões de mundo representadas por ambas as correntes artísticas.  É fundamental que sejam lançadas questões aos alunos:

•    Como são as obras ditas degeneradas?

•    Qual foi a relação feita pelos nazistas entre esta corrente artística e a sociedade em que viviam?

•    E as obras da “Grande Exposição de Arte Alemã”, como são?

•    Qual foi a relação estabelecida pelo nazismo entre esta corrente com a sociedade que desejavam alcançar (ordem, limpeza e perfeição)?

É propício que você, professor, elabore outras questões que julgue necessárias.

À medida que os alunos forem dando as respostas, anote-as na lousa, pedindo a todos que as escrevam em seus cadernos. Solicite que os alunos exponham suas impressões respondendo à questão: Quais são as diferenças entre Guernica e as obras da “Grande Exposição”? 5

Solicite aos alunos que leiam em seu livro didático6 o texto sobre o período entreguerras e converse com eles, relatando alguns dos fatores que levaram à Segunda Guerra Mundial, sobre seu desenvolvimento e sobre o Holocausto7.

Peça que falem sobre suas impressões, corrija colocações equivocadas, explique pontos que considere importantes e que não tenham sido mencionados pelos alunos. Em seguida, solicite aos alunos que produzam um texto onde exponham sua opinião sobre a Segunda Guerra Mundial, o Holocausto, o papel da arte alemã do período e de obras como a de Picasso nesse contexto. Como último momento, compare o conhecimento que os alunos tinham no início e o que foi ampliado, ressaltando principalmente a Segunda Guerra Mundial e suas conseqüências e a importância da Arte nesse contexto.

 

Ficha técnica

Direção, produção, roteiro, edição e trilha sonora: Peter Cohen

Fotografia: Mikael Cohen, Gerhard Fromm, Peter Ostlund

Trilha sonora: Hector Berlioz

 

1 Levando-se em conta a estrutura da Proposta Curricular de História, considera-se que a atividade ora sugerida é aconselhada para a 3ª série do Ensino Médio, já que no dois primeiros bimestres há a proposição do trabalho com os conteúdos aqui apontados, temas que permitem o desenvolvimento de habilidades como selecionar, relacionar e interpretar dados e informações de diferentes formas.

2 A despeito da opção pelo recorte do filme, é importante que, dentro das possibilidades, os alunos tenham acesso à obra completa.

3 Tela cubista de Pablo Picasso (1937), que retrata o ataque das forças alemãs à capital da região basca que dá nome ao quadro, sob as ordens do ditador espanhol Franco.

4 Após levantamento coletivo dos elementos que compõem a obra (leitura iconográfica ou formal da obra), trabalhe com questões como (leitura iconológica ou interpretativa da obra): Qual poderia ser o significado da língua em forma de punhal da mãe com o filho morto no colo? (seria uma alusão à dor intensa da personagem, que acaba de perder seu bem mais precioso). O que poderia querer dizer o cavalo no centro da obra? (representaria o povo espanhol, dilacerado em sua luta). O que faz o touro no canto superior esquerdo? (representaria a brutalidade da situação vivida pela população espanhola de Guernica, representada pelo touro, animal tão caro ao povo da Espanha). E a lâmpada no centro da tela, o que quer dizer? (seria a luz Divina onisciente, mas que permite ao Homem exercer seu livre arbítrio?). E por último, a singela flor presente na pintura, o que faz ali? (representaria a esperança que sempre resiste?).

5 Faça-os perceber que são obras totalmente diferentes, pois enquanto a tela de Picasso pretende expor a morte, a destruição e a dor causada pelos nazistas em seu país (a Espanha), as criações presentes nos Salões buscam formar o imaginário do povo alemão pautado na superioridade da raça ariana, nestas obras representada pela beleza e perfeição, em uma clara contraposição à sociedade “impura”, representada por ciganos, portadores de necessidades especiais, judeus, homossexuais e outros.

6 Mas lembre-se de trabalhar de forma a ativar as estratégias de leitura que se aplicam quando se lê (antecipação, inferência, seleção, checagem e decodificação), pedindo que falem o que já sabem sobre este fato antes da leitura, indicando que busquem no texto elementos externos a ele que os ajudem a entendê-lo melhor (títulos, subtítulos, fotos, mapas, gráficos, legendas, etc.), solicitando que relacionem o que estiverem lendo com o que já viram nos trechos do filme, na tela de Picasso, em outras leituras e no que já foi discutido e apresentado por você.

7As imposições presentes no Tratado de Versalhes, a situação vivida pela Alemanha no pe­ríodo entreguerras, o papel de Hitler nesse contexto, a responsabilização dos judeus pela crise alemã.

Conheça o projeto Cinema vai à Escola em http://culturaecurriculo.fde.sp.gov.br/programa.aspx
O programa Cultura é Currículo é uma realização da Fundação para o Desenvolvimento da Educação - Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.

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